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Quem é Deus?

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Padre Judinei Vanzeto - publicado em 09/05/21
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O Papa Emérito Bento XVI afirmou que Deus não é uma doutrina, um dogma

Certa vez um ateu fez essa pergunta para um cristão: “Quem é Deus?”. E a resposta foi: “Deus é o amor encarnado”. A partir dessa pergunta e resposta trago presente uma reflexão sobre o tema em questão. As pessoas constroem dentro de si muitas imagens e conceitos de Deus. Quando criança imaginam Deus aquele Senhor de barbas e cabelos brancos. 

O ser humano, na sua limitação no uso da razão, não tem condições para responder a grandeza dessa pergunta. Para o filósofo Ludwig Wittgenstein (1889-1951), “sobre o que não se pode falar, deve-se calar”. Para Emmanuel Kant (1724-1804), Deus está fora do espaço e do tempo e por isso não se pode falar. Não obstante, para falar de Deus entra-se em outro campo, ou seja, na dimensão da fé. 

Nessa ótica, Deus é sempre um mistério. Sempre está além daquilo que se pode dizer acerca Dele. Nesse sentido, Deus escapa da capacidade humana de tê-lo numa lâmina de um aparelho de microscópio. Pois muitos quiseram ver Deus e o procuraram na montanha, no vento, na brisa leve. Deus, no entanto, está no silêncio, como disse Santa Faustina no seu Diário. O Apóstolo São João afirmou que Deus é amor (cf. Jo 4,8).

O mistério de Deus é um absurdo para tantas pessoas. Mas, talvez Deus seja o absurdo. Abraão, por exemplo, deixou sua terra rumo a uma promessa de ter filhos numerosos como os grãos de areia da praia (cf. Gn 12, 1ss). E lá pelas tantas esse Deus pediu a Abraão que sacrificasse seu próprio filho num altar no alto da montanha. 

E como acreditar em um Deus que se encarna? Vem o Espírito Santo do alto e fecunda uma virgem? Que absurdo para a ciência moderna. Diante de tantos absurdos ainda poderíamos dizer que o endereço de Deus é o próprio ser humano, quando em Gênesis lemos: “Façamos o homem à nossa imagem, como nossa semelhança” (Gn 1,26). 

O Papa Emérito Bento XVI afirmou que Deus não é uma doutrina, um dogma. É uma Pessoa, Jesus Cristo, o Deus encarnado. Jesus é o amor encarnado, materializado no mundo. E em tese deveria ter a continuação dessa missão através de seus seguidores. Diante de Jesus Cristo eis a questão: Crer ou não crer! Os que creem deu o poder de se tornarem filhos e filhas de Deus no amor. 

Por outro lado, o filósofo Alberto Camus (1913-1960), diante de uma cena de uma criança morta por um trem numa estação, se perguntava: “Onde está Deus?” “Onde estava Deus que não protegeu a criança?”. Também hoje são tantas crianças pelo mundo que passam fome. Onde está Deus que não mata a fome dessas crianças? O Papa Emérito Bento XVI, ao visitar os Campos de Concentração Nazistas, se questionou: “Onde estava Deus?”. O Papa Francisco ao visitar Auschwitz-Birkenau sugeriu que tudo deve recomeçar do silêncio e respondeu que Deus estava nas pessoas que foram mortas pelos nazistas.  

Como dizer quem é Deus e onde Ele está com tantas misérias no mundo. Pois estas barbaridades não deveriam ter acontecido. Mas isso também faz lembrar que Deus morreu numa cruz. Morreu todo machucado a chicoteadas e com uma coroa de espinhos sobre sua cabeça. 

E ainda um grupo saiu por aí pregando que Ele está vivo! E ainda tem milhões de seguidores pelo mundo. Um absurdo! Uma loucura. A loucura da cruz, como acentuou o apostolo Paulo (cf. 1 Cor 1, 18-25). Enfim, Deus é um mistério, é o amor encarnado, é o amor ressuscitado-glorificado. Não obstante, o ser humano é livre até para virar as costas para Ele e viver do seu modo.  

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