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Cuidar do outro é humano: até a arqueologia mostra isso

KENYA

AFP PHOTO /FRANCESCO D'ERRICO AND ALAIN QUEFFELEC / CNRS-UNIVERSITY OF BORDEAUX

Dolors Massot - publicado em 14/05/21

A descoberta de um túmulo de 78 mil anos na África mostra, segundo os pesquisadores, que já na Idade da Pedra o cuidado com os mortos era algo importante

Uma escavação em um local próximo à costa do Quênia (África) em 2018 revelou um sepultamento que continha uma criança em posição flexionada. Os restos mortais tinham 78.000 anos.

O mais antigo cemitério humano na África

É o cemitério humano mais antigo da África, localizado especificamente na caverna Panga ya Saidi, no Quênia. Os pesquisadores puderam observar que não se trata apenas de encontrar os restos mortais de um cadáver. Vários motivos comprovam que já naquela época havia um tratamento especial aos mortos e que a forma de sepultamento dos falecidos seguia um rito.

A cabecinha em um travesseiro

O menino foi chamado de Mtoto (que significa “criança” em suaíli, a língua original do Quênia). Teria entre 2 anos e meio e 3 anos. No túmulo, feito sob medida, sua cabeça repousava sobre uma espécie de travesseiro, e o corpo foi envolto em uma espécie de mortalha.

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Para os pesquisadores, esse achado é um sinal do cuidado humano entre as pessoas já no Paleolítico Médio, estágio inicial da Idade da Pedra. Também está claro que havia algum sentido de ritual (talvez religioso) no sepultamento.

A pesquisa foi realizada no Centro Nacional de Pesquisas em Evolução Humana (CNIEH). Como resultado, a revista “Nature” publicou um artigo em 5 de maio, no qual mais de 30 especialistas colaboraram.

Como éramos há 78.000 anos

“Foi como escavar o fantasma de uma criança, a sombra de seus ossos”, disse a pesquisadora María Martinón, descrevendo como tem sido o processo de investigação.

O estudo sobre o túmulo do menino Mtoto foi concluído com sucesso. Ele ajuda a nos revelar como eram as pessoas há milênios.

Martinón não hesita em referir-se à “extrema delicadeza e ternura” com que o corpo sem vida da criança foi tratado por aqueles que o sepultaram, o que mostra que o menino era importante para o seu grupo. “Ele está embrulhado do modo como seria colocado na cama para dormir”, acrescentou.

Antes de descobrir o Mtoto, os paleoantropólogos estimavam que os mais antigos enterros de crianças na África ocorreram há 74.000 anos (na África do Sul) e 69.000 anos atrás (no Egito). Portanto, tal prática não era algo isolado.

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