Existe só um pároco católico na Faixa de Gaza: o pe. Gabriel Romanelli, membro do Instituto do Verbo Encarnado e pároco da igreja da Sagrada Família - que, por conseguinte, também é a única paróquia católica da região. Em recentes declarações à agência ACI Prensa, ele contou que, dos 2 milhões de habitantes da Faixa de Gaza, somente 1.077 são cristãos e, dentre eles, apenas 133 são católicos.
No tocante aos atuais conflitos entre o Estado de Israel e as milícias palestinas do Hamas e da Jihad Islâmica, o pe. Gabriel comentou:
As violências atuais foram sendo deflagradas gradualmente desde abril, a partir de diversos confrontos entre grupos de palestinos e de judeus nacionalistas. A escalada das tensões envolveu ainda o despejo de famílias palestinas de um bairro de Jerusalém sobre cujos imóveis a justiça reconheceu a propriedade a colonos israelenses.
A situação se agravou ainda mais com o início dos disparos de centenas de foguetes do Hamas contra Israel, que, com um sofisticado sistema antimísseis, consegue interceptar a grande maioria dos ataques. Ainda assim, foguetes têm caído sobre áreas residenciais israelenses, ferindo e matando civis.
Por sua vez, Israel está respondendo com ataques poderosos contra alvos estratégicos do Hamas e das Brigadas Al Quds, vinculadas à Jihad Islâmica. Nesses ataques, porém, centenas de civis palestinos da Faixa de Gaza também têm sido feridos e mortos, em número muito superior ao dos mortos e feridos entre os judeus israelenses.
Nenhum dos lados se mostra disposto a ser o primeiro a parar.
Os palestinos que vivem na Faixa de Gaza são predominantemente árabes muçulmanos. Ainda assim, a presença de entidades cristãs é bastante relevante no território. O pe. Gabriel menciona explicitamente o Patriarcado Latino de Jerusalém e as associações católicas de caridade, por cujo meio chegam ajudas materiais imprescindíveis a uma parte da população local.
O sacerdote relatou à reportagem da ACI Prensa que a situação na região vinha experimentando certo progresso desde novembro de 2019, sem "ares de guerra" e até com o surgimento de novos negócios. No entanto, depois da explosão do conflito atual, "não há bairro ou cidade que não tenha sido atingida" na Faixa de Gaza, descreve o padre. Os enfrentamentos dos últimos dias, de fato, são os mais destrutivos e letais desde 2014.
Apesar de ter havido em 2020 um período de relativa tranquilidade, não obstante o fantasma da pandemia de covid-19, o pe. Gabriel declara que persiste constantemente em Gaza um ambiente de dificuldades e carências. Ele comenta que população enfrenta "todo tipo de embargo há anos", razão pela qual a Faixa de Gaza é chamada de "maior prisão a céu aberto do mundo".
O sacerdote reforça, diante do preocupante panorama atual, um convite a todos para rezarem pela paz e, em especial, para "que sejam iluminados os governantes e todos os que podem instaurar uma trégua nesta situação".