Teria o dom da inteligência (ou entendimento) algo a ver com a nossa capacidade intelectual? É um dom reservado para os intelectuais? Não, o Espírito Santo não reserva seus dons, mas os concede a quem lhe pede luz para compreender os mistérios de Deus.
Quando Jesus se dirige aos discípulos de Emaús ("Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas!"), Ele não se refere a este dom do Espírito que lhes faltaria? Na verdade, depois que Cristo os deixou, eles dizem uns aos outros: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?"
De fato, o dom da inteligência recebido naquele momento pelos discípulos de Emaús permitiu-lhes captar desde o íntimo o sentido da Palavra de Deus.
Às vezes, ficamos surpresos porque um ponto da homilia nos parece impreciso. O padre Jean Arfeux, vigário em Toulouse, na França, considera que esta lucidez provém do Espírito de inteligência.
Também pode ser que uma palavra da homilia tenha um impacto particular sobre nós. Um seminarista conta essa anedota: “Só ouvi uma palavra do padre: 'temos que virar a página'. Ao me perguntar sobre a minha vocação, entendi que fui chamado a mudar de vida".
Em relação à Palavra de Deus, este dom também abre nosso coração para que a recebamos de acordo com nossa situação ou nossas perguntas. “Por isso, não hesitemos em pedir o dom da inteligência para que as nossas almas se abram ao que Deus nos quer dizer”, aconselha o padre.
Não entendemos o mistério da Trindade? Gostaríamos melhor de viver a Eucaristia ou o sacramento do perdão? Então, peçamos ao Espírito Santo o dom da inteligência!
No entanto, isso não é mágica. Para o Papa Francisco, “isso não significa que um cristão possa compreender tudo e ter pleno conhecimento dos desígnios de Deus: tudo isso está à espera de se manifestar quando nos encontrarmos face a face com Deus. Mas, o dom da inteligência nos faz entender as coisas como Deus as entende, com a inteligência de Deus".
