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Dois célebres filmes cujos protagonistas poderiam ter sido padres católicos

Titanic e Dia D

Gravura de Willy Stöwer (Domínio Público) | Desembarque na Normandia (Domínio Público)

Francisco Vêneto - publicado em 26/05/21

Você sabia que foi um padre quem salvou o verdadeiro soldado Ryan? E que outro padre foi um dos heróis do Titanic?

“O Resgate do Soldado Ryan” (1998), dirigido por Steven Spielberg, e “Titanic” (1997), dirigido por James Cameron, são dois célebres filmes cujos protagonistas poderiam ter sido padres católicos. No entanto, os sacerdotes que existiram na vida real e que exerceram papéis de primeira grandeza nas histórias recontadas por essas duas superproduções foram por elas completamente ignorados.

Você sabia que foi um padre quem salvou o verdadeiro soldado Ryan? E já ouviu dizer que outro padre foi um dos maiores heróis do Titanic?

Filme 1: O Resgate do Soldado Niland

Em um dos mais aclamados filmes de guerra produzidos por Hollywood em todos os tempos, o personagem de Tom Hanks recebe das autoridades militares norte-americanas a missão de localizar e resgatar um certo soldado Ryan em plena Segunda Guerra Mundial. Trata-se do único sobrevivente dentre quatro irmãos enviados à França para combater os nazistas: os outros três morreram durante o Desembarque na Normandia, evento-chave da história do conflito e que passou para a posteridade como o “Dia D“.

Acontece que as cartas com a notícia da morte de nada menos que três filhos tinham chegado ao mesmo tempo às mãos da mãe dos quatro jovens, conforme é retratado em uma das cenas mais devastadoras de “O Resgate do Soldado Ryan“.

O que muita gente não sabe é que a história do filme se baseou em fatos reais que envolveram os irmãos Niland. O fictício soldado Ryan se chamou, na realidade, Fritz Niland, e realmente pensou-se que ele havia perdido os três irmãos no Dia D. Um deles, porém, sobreviveu: Edward, supostamente morto, passou um ano como prisioneiro de guerra em um campo de concentração japonês na Birmânia, atual Myanmar.

Menos gente ainda sabe que o real responsável pelo resgate do último soldado Niland foi um sacerdote católico: o lendário capelão da 101ª Divisão Aerotransportada, o pe. Francis L. Sampson (1912-1996), cuja história arrepiante foi relatada em seu livro de memórias Look at Below: A Story of the Airborne by a Paratrooper Padre (“Olhe para baixo: uma história da Aerotransportada, escrita por um padre paraquedista”, publicado em 1958).

Foi o Padre Sam, como era chamado pelas tropas, quem encontrou e repatriou aos Estados Unidos o soldado Fritz Niland, localizado na praia francesa que tinha recebido o codinome de Utah Beach.

Além deste episódio extraordinário, o Padre Sam viveu dezenas e dezenas de outros que conseguem nos arrepiar. Um deles é o que relataremos a seguir.

A homilia perante as ruínas

Poucos dias depois do Desembarque na Normandia, ele celebrou a missa para um grupo de enfermeiras numa igreja que tinha sido quase completamente bombardeada. Só tinham ficado em pé duas paredes e… as imagens de Cristo, de São Pedro e de São Paulo, um fato que todos ali consideraram inexplicável.

Diante daquelas ruínas – e daquelas imagens milagrosamente preservadas, o pe. Sam fez esta breve e inesquecível homilia:

“A imagem nua do Galileu pendurado na cruz sempre inspirou amor e ódio. Nero quis fazer da cruz uma imagem odiosa, levando os cristãos à morte, denegrindo-os, incendiando Roma com cruzes humanas em chamas. Juliano, o Apóstata, disse que conseguiria que o mundo esquecesse o homem da cruz, mas, na sua agonia final, teve de confessar: ‘Tu venceste, Galileu’. Os comunistas proíbem a sua presença porque temem o seu poder contra os seus desígnios perversos. Hitler tentou substituir a imagem de Nosso Senhor na cruz por uma estúpida suástica. Invectivas, falsas filosofias, violência… Todo tipo de instrumento diabólico já foi empregado para arrancar o Cristo da cruz e o crucifixo da igreja.

Mas, como as bombas que caíram sobre esta capela, só conseguiram destacá-la mais e mais. A imagem que amamos cresce cada vez mais em nosso entendimento pela veemência do ódio das pessoas más. Cada um de nós tem esta imagem sagrada impressa na alma. Como esta capela, somos templos de Deus. E não importa se estamos despedaçados pelas bombas, pela tragédia, pelas provações e pelos ataques: a imagem do Crucificado ficará de pé se assim nós quisermos.

Renovemos ao pé desta cruz as nossas promessas batismais. E prometamos que a Sua imagem revestirá para sempre o nosso coração”.

Dois célebres filmes cujos protagonistas poderiam ter sido padres católicos

Outro campeão de bilheteria que se tornou um dos maiores ícones populares da história do cinema, a superprodução “Titanic”, de 1997, também contou com a ilustre ausência de um padre católico que, no entanto, foi um dos mais inspiradores passageiros reais do navio “inafundável” que afundou em sua primeira travessia, em 15 de abril de 1912.

Filme 2: Havia um santo a bordo do Titanic?

Enquanto o Titanic naufragava, o pe. Thomas Byles renunciava não só a uma, e sim a duas oportunidades de embarcar num bote salva-vidas. Ele preferiu ficar a bordo, conforme relatos de passageiros, para ouvir confissões e oferecer amparo espiritual a quem não tinha chance de escapar do naufrágio.

Cerca de 1500 pessoas morreram na tragédia do navio que não tinha barcos salva-vidas suficientes para todos os passageiros.

O sacerdote britânico de 42 anos tinha sido ordenado em Roma dez anos antes e viajava para celebrar o casamento de seu irmão em Nova Iorque. Os testemunhos de passageiros do Titanic sobre a sua postura sacerdotal a bordo do navio que ia a pique foram reunidos no site www.fatherbyles.com.

Um desses testemunhos é o de Agnes McCoy, passageira da terceira classe e sobrevivente do naufrágio. Ela declarou que o pe. Byles permaneceu a bordo para ouvir confissões, rezar com os passageiros e lhes dar a sua bênção nos minutos finais.

Outra passageira da terceira classe, Helen Mary Mocklare, testemunha:

“Fomos arremessados dos nossos lugares… Vimos o padre Byles diante de nós, vindo do corredor com a mão levantada. Nós o conhecíamos porque ele tinha nos visitado algumas vezes a bordo e celebrado a missa para nós justamente naquela manhã. ‘Tenham calma’, pedia ele, e depois continuava na terceira classe dando a absolvição e abençoando… Alguns ficavam em pânico e era então que o sacerdote voltava a levantar a sua mão e todos ficavam calmos de novo. Os passageiros estavam completamente surpresos com o autodomínio absoluto do padre“.

Helen também afirma que um marinheiro “avisou o sacerdote sobre o perigo e suplicou que ele embarcasse num bote“, mas o padre recusou duas vezes. Ela prossegue:

“O pe. Byles podia ter se salvado, mas não ia deixar o barco se ainda restasse um passageiro. E as súplicas do marinheiro não foram ouvidas. Depois que entrei no bote salva-vidas, que era o último a partir, e íamos nos afastando devagarinho do Titanic, eu ainda conseguia ouvir distintamente a voz do sacerdote e as respostas às suas orações“.

Causa de beatificação

Mais de um século depois, o também britânico padre Graham Smith, que hoje cuida da mesma paróquia do pe. Byles e é o responsável pela abertura da sua causa de beatificação, declara que ele foi um “homem extraordinário que deu a vida pelos outros. Estamos esperando e rezando para que ele seja reconhecido como santo“.

Este processo segue várias etapas. Primeiro, é necessário comprovar que o “candidato a santo” viveu as virtudes cristãs em grau heroico. Em seguida, para a beatificação, deve ser demonstrado um milagre atribuído à sua intercessão. Por fim, para a canonização, é necessária a verificação de mais um milagre por seu intermédio.

“Esperamos que pessoas do mundo todo rezem pela intercessão dele quando enfrentarem dificuldades, e, se acontecer um milagre, a beatificação e canonização poderão ir em frente“, completa e convida o pe. Smith.

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