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A beleza que jorra do lado aberto de Cristo

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Antoine Mekary | ALETEIA

Hozana - publicado em 04/06/21

Entenda a importância de pedir que Cristo abra os nossos olhos para o belo que Ele quer nos mostrar!

Gostaria de começar esse momento de reflexão com algumas perguntas: pra você o que é beleza? O que você entende por beleza? Como você observa a beleza no seu cotidiano? Como a beleza lhe toca? Qual beleza lhe toca? 

O conceito de beleza, por mais simples e palpável que ele pareça, é um conceito complexo. No entanto nós podemos dividir esse conceito em pelo menos dois grandes grupos: a beleza estética e a beleza na arte. A estética seria aquela beleza ligada à simetria. É a que é agradável aos olhos. É normalmente o primeiro conceito que vem a nossa mente quando falamos de beleza. A beleza na arte, apesar de também poder significar essa beleza estética, não se limita apenas a ela. 

Por muito tempo considerou-se belo na arte as obras que conseguiam retratar a natureza da forma mais similar à sua condição real. As obras que distorciam essa “beleza natural” eram vistas como grotescas e vazias de significado. Com o tempo foram surgindo movimentos de vanguarda que desafiaram esse conceito de beleza e apresentaram uma beleza que se distanciava da perfeição estética, mas se aproximava da realidade conturbada do ser humano.

Novo conceito de beleza

Para exemplificar essa ideia podemos observar as obras de Salvador Dalí, Picasso, Matisse, entre outros. Cada um desses artistas escolheu retratar o movimento interior do homem indo para além daquilo que nós podemos contemplar com o nosso olhar. Nasce então um novo conceito do belo na arte. A perfeição estética começa a perder o seu valor e dar espaço para esse movimento interior do artista que é revelado na sua obra e que dialoga com o movimento interior daquele que a aprecia. Mas afinal de contas, o que essa história toda de beleza na arte tem haver com o lado aberto de Jesus? 

Cristo, sendo 100% Deus, é O Artista por excelência! É dele que nasce tudo o que é belo! Como artista que sou, gosto de imaginar o rio de sangue e água que jorra do lado aberto de Jesus como uma grande torrente da mais pura e real beleza! Porém, é importante que reflitamos para qual beleza essa Beleza Real quer nos orientar. Qual é a direção que o Sagrado Coração de Jesus, aberto e ferido, belo por excelência, quer nos mostra? 

Qual é a beleza que nos interessa?

Retomemos então o questionamento: “qual beleza nos interessa?”; “qual beleza queremos anunciar?” Sendo um pouco mais explícita: em qual beleza Cristo repousa? Lembremos com atenção do exemplo de São Francisco de Assis e de Madre Teresa de Calcutá, que encontraram no leproso, no doente, no chagado, a figura do Cristo necessitado. A lepra e a ferida foram o caminho mais perfeito para que esses dois santos tivessem um entendimento concreto de suas respectivas missões no mundo. Foi através da dor e do sofrimento de um outro que eles tiveram um encontro com a dor e o sofrimento de Cristo.

Nós sabemos que o Novo Testamento é o cumprimento da promessa tão esperada no Antigo Testamento: a promessa de um Rei que viria libertar Israel da escravidão. Jesus foi de fato proclamado Rei do Judeus, mas nem de longe confirmou a imagem do rei que se esperava. Quando pensamos em rei, pensamos em riqueza material, poder bélico, em ostentação e soberania de um povo em detrimento de um outro povo. Ou, na maioria dos casos, soberania do rei em detrimento do seu próprio povo. Essa era a imagem esperada do rei, em outras palavras, era a beleza real esperada.

Porém, Cristo veio contrariar em tudo esta imagem. Escolheu antes de tudo a simplicidade, a pobreza, o pecador, o leproso, a prostituta, a pequenez. Mostrou para o mundo daquela época, e continua nos mostrando hoje, que o belo que lhe interessava, que lhe interessa, está longe de ser esteticamente perfeita e limpinha; o belo que lhe interessa é aquilo que se esconde dentro da chaga de cada pecador. 

A beleza salvou o mundo

O filósofo Dostoiewski há muito nos ensina: “A beleza salvará o mundo.” Cabe a nós cristãos atualizar essa frase e gritar: “A beleza já salvou o mundo!” Mas precisamos, antes de tudo, ter muito certo em nós quem é esta beleza e como ela se manifesta nos dias de hoje; para não cairmos nos mesmos erros dos nossos antepassados, condenando justamente aqueles que devem ser para nós canal direto dessa experiência com a beleza de Deus. Não queremos uma igreja de beleza hipócrita, superficial, que sustenta uma imagem de santidade de fachada simplesmente para atrair mais seguidores. Novos fariseus, afinal! 

Queremos uma igreja de carne e osso. Uma Igreja que tenha coragem de ir ao encontro do outro. Uma igreja de menos julgamento e mais acolhimento. Não podemos nos colocar num pedestal superior, pelo contrário, precisamos permitir que a sinceridade do nosso coração se comunique com a sinceridade do coração do outro. Afinal o próprio Cristo se fez pecador no meio dos pecadores.

Sim! Cristo se fez pecador na Cruz! Ele esvaziou-se daquela beleza superficial e quis marcar o seu corpo com todo o pecado da humanidade, revelando-se assim o Belo, o todo Belo. Desprovido de forças, nu diante dos homens, humilhado em sua dignidade e, portanto, Belo. Essa é a beleza que nós somos chamados a anunciar. A beleza do Cristo nu. O nosso espelho deve ser a beleza da Cruz de Cristo!

Responder um chamado de amor

A Comunidade Emanuel, associada estreitamente a graça de Paray-le-Monial, e o site Hozana convidam você a provar concretamente dessa Beleza Sagrada em um retiro online em honra ao Sagrado Coração de Jesus.

Quero convidar você, de forma especial, a realizar este itinerário conosco! Vamos recordar algumas graças desta devoção e meditá-las de forma que possamos visualizá-las e praticá-las em nossas vidas diárias. Vamos pedir que Cristo abra os nossos olhos para o belo que Ele quer nos mostrar!

Este itinerário com a Chaga Aberta de Cristo é um caminho de confiança. Vamos descobrir como uma ferida pode dar frutos, até porque foi de uma ferida que jorrou a fonte da vida, a fonte da misericórdia, a fonte de toda beleza!

O cristão é chamado a apresentar ao mundo a Beleza do lado aberto, do Cristo Crucificado que se deu com alegria na Cruz, mesmo que em meio a grande sofrimento. A beleza a qual nós somos chamados a proclamar, e a buscar em nós mesmos, esconde-se dentro da ferida aberta de Jesus. Esta é A Ferida que cura e enaltece as nossas feridas. 

Débora Moreira Araújo, do Hozana

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