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Jihadistas sequestram crianças: eles para soldados, elas para escravas sexuais

MOZAMBIQUE; AID TO THE CHURCH IN NEED

Ajuda à Igreja que Sofre (ACN)

Francisco Vêneto - publicado em 10/06/21

Está acontecendo sob o silêncio da mídia num país de língua portuguesa na África: o martirizado Moçambique

Jihadistas sequestram crianças em Moçambique para forçá-las a lutar como soldados, no caso dos meninos, e para estuprá-las como escravas sexuais, no caso das meninas. Pouco ou nada desse brutal escândalo tem merecido as nobres atenções da assim chamada “grande mídia” internacional.

Quem está denunciando este horror é principalmente a Igreja, em especial por meio da fundação pontifícia Ajuda À Igreja que Sofre (ACN).

Entre os heróis que arriscam a vida em defesa dessas crianças está o padre Kwiriwi Fonseca, da diocese de Pemba, uma das mais afetadas pelo fanatismo jihadista na atualidade em todo o planeta.

Moçambique vive desde 2017 o pesadelo da invasão de grupos terroristas à região de Cabo Delgado, rica em recursos minerais. Desde então, os covardes assassino já mataram mais de 2.500 pessoas e deixaram 750 mil deslocados após devastarem aldeias e vilas.

Jihadistas sequestram crianças

Um dos dramas mais abomináveis na região é o do sequestro de centenas de meninos obrigados a se tornarem jihadistas e de meninas literalmente usadas como escravas sexuais ou como “esposas” forçadas.

Não há estatísticas oficiais sobre os sequestros. O pe. Fonseca, no entanto, declarou à ACN que “podemos falar em centenas, porque, se contarmos todas as aldeias em que houve raptos, podemos falar desse número”.

Os sequestros também se estendem a adultos, inclusive religiosos católicos que atuam na região como missionários. Em agosto de 2020, por exemplo, uma freira brasileira esteve entre as vítimas: a irmã Eliane da Costa, da congregação de São José de Chambéry, passou 24 dias em poder de terroristas escondidos na selva.

O pe. Fonseca também relatou o drama de Mina, moradora da região, que teve os filhos sequestrados e viu o marido e o irmão serem assassinados:

“Apareceram lá cinco homens de surpresa. Perceberam que eram do Al-Shabaab, os terroristas. E os terroristas encontraram lá o marido dessa senhora, o seu irmão, quatro filhos… Eles disseram o seguinte: nós vamos levar os três meninos, um de 14, outro de 12 e outro de 10 anos. E levaram. O marido e o irmão já tinham sido amarrados. Eles insistiram para que a mulher fosse embora, porque iam matar o marido e o irmão. Ela resistiu e não saiu do local. Foi então que ela viu o seu marido e o seu irmão serem degolados. Naquele momento, uma criança menor, de uns dois ou três anos, viu toda aquela cena”.

A religiosa portuguesa Mónica da Rocha, das Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima, também está em Moçambique e reforça em declarações à ACN que o país vive uma dramática emergência humanitária. Ela confirma a onda de raptos e estupros, que já ocorriam antes do conflito e agora cresceram exponencialmente.

O pe. Fonseca acrescenta às preocupações o processo de radicalização que os jovens sequestrados sofrem e que terá consequências durante gerações:

“Estamos falando de gente que saiu no ano passado, no ano anterior… É muito tempo em contato com o mal. E aí acabam assimilando o mal. E também, eu insisto nisso, na incapacidade de distinção de ‘isto é o mal, isto é o bem’ pelas próprias crianças, pode levá-las a serem mais radicais. Podem vir a ser terroristas piores”.

A presença dessas crianças nos bandos terroristas gera ainda um grave dilema:

“Vários parceiros internacionais, vários governos, vários países pretendem ajudar Moçambique a eliminar os terroristas. Que quer dizer isso? Quer dizer que muitos inocentes também irão morrer”.

Tags:
Estado IslâmicoPerseguiçãoTerrorismoViolência
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