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Líder servidor: como o capitão Kjaer foi crucial para salvar Eriksen

Eriksen e o capitão Simon Kjaer

Football.ua, CC BY-SA 3.0 GFDL, via Wikimedia Commons | Дмитрий Садовников, CC BY-SA 3.0 GFDL, via Wikimedia Commons

Francisco Vêneto - publicado em 13/06/21

A missão de Simon Kjaer naquele dia estava cumprida: ele não precisava mais permanecer em campo até o apito final

O capitão Kjaer, da seleção de futebol da Dinamarca, foi decisivo neste sábado para salvar a vida do amigo e companheiro de time Christian Eriksen, que sofreu um mal súbito e literalmente desabou em campo ao final do primeiro tempo contra a Finlândia, em partida pela Eurocopa 2021.

O zagueiro de 32 anos agiu com impressionante rapidez, autocontrole e capacidade de liderança para socorrer o meio-campista de 29 anos que lutava pela vida no gramado do estádio de Copenhague: foi ele quem correu para prestar os primeiros auxílios, organizar um cordão humano para isolar o jogador caído e até para dar amparo à aflita companheira de Eriksen, Sabrina Kvist Jensen.

Logo após o colapso de Eriksen, Kjaer correu do campo de defesa até a ponta esquerda e começou imediatamente os primeiros socorros, protegendo o pescoço do companheiro, virando-o de lado e abrindo sua boca para liberar as vias respiratórias, caso ele estivesse sofrendo uma convulsão. Os médicos da seleção rival, a Finlândia, chegaram em 23 segundos e, enquanto eles e os paramédicos da partida começavam a atender o meia, Kjaer afastava os outros jogadores e organizava um cordão humano para resguardar o mais possível a pessoa de Eriksen, reduzindo a visibilidade da cena para os espectadores já chocados.

Ao mesmo tempo, Kjaer e o goleiro Schmeichel acalmavam os colegas, visivelmente transtornados: alguns estavam chorando. Os paramédicos faziam os procedimentos de reanimação cardiorrespiratória sob o olhar atento do capitão dinamarquês, enquanto a maioria dos companheiros ficavam voltados de costas para Eriksen, em gesto de respeito e proteção da sua privacidade perante os olhos do planeta.

Quando Sabrina conseguiu chegar ao gramado, cerca de 10 minutos após o mal súbito de Eriksen, o capitão e o goleiro correram para abraçá-la e confortá-la. Sabrina e Eriksen estão juntos há quase nove anos e têm dois filhos.

Enquanto a família, os companheiros de campo e os torcedores da Dinamarca viviam um dos momentos mais dramáticos de toda a história da sua seleção nacional de futebol, acompanhados ao vivo por milhões de pessoas do mundo todo, o capitão Kjaer realizou mais um gesto próprio do líder quando os paramédicos retiravam Eriksen do campo, de maca, coberto com panos brancos: ele correu do meio-campo, onde estava ao lado de Sabrina, foi até o jogador que era levado para fora do estádio, afastou o pano que cobria seu rosto e disse rápidas palavras de encorajamento ao jogador e grande amigo, a quem ainda acompanhou até a saída do gramado.

Após o atendimento de emergência no hospital, Eriksen foi se recuperando e conseguiu enviar uma mensagem de tranquilização aos companheiros. A partida havia sido interrompida já fazia quase duas horas quando foi enfim retomada a partir dos 42 minutos do primeiro tempo.

Mesmo com todo o impacto emocional, o capitão Kjaer ainda fez questão de jogar o final da primeira etapa e voltar a campo para a segunda, mas foi substituído aos 16 minutos.

A missão de Simon Kjaer naquele dia estava cumprida: ele não precisava mais permanecer em campo até o apito final.

O técnico Kasper Hjulmand declarou que ele próprio tinha ficado em grande dúvida sobre continuar ou não a partida: “As emoções eram avassaladoras”.

No banco de reservas, foi a vez do corajoso capitão ser consolado pelos companheiros e membros da comissão técnica. O líder servidor também sabe que não precisa fingir que é de ferro: na sua vulnerabilidade, aliás, a sua força se mostra ainda mais inspiradora.

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