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Paradoxo cristão: ser seguidor e líder

RIO DE JANEIRO

CARL DE SOUZA | AFP

Chris Lowney - publicado em 17/06/21

O que significa liderar e seguir ao mesmo tempo? Precisamos apenas olhar para o Evangelho para entender

O que significa ser cristão?

A resposta, de acordo com o dicionário, é direta. Um cristão é “alguém que segue os ensinamentos de Jesus Cristo”. Um cristão é um seguidor de Jesus. Quem poderia discordar?

Bem, eu discordo.

Mas antes de me rotular de herege, deixe-me esclarecer: os cristãos certamente são seguidores de Jesus, mas ser “seguidor” é apenas metade da história. Os cristãos também são líderes: estamos seguindo e liderando, todos os dias de nossas vidas.

De fato, “seguir, mas também liderar” pode parecer paradoxal, até mesmo uma contradição. Mas, se explorarmos a linguagem associada ao nosso chamado, compreenderemos essas dimensões gêmeas da vida cristã.

A vocação do cristão

Por exemplo, todo cristão tem uma “vocação” e pode se considerar um “discípulo”. Ambas as palavras reforçam a noção de seguidor. A palavra “vocação” tem suas raízes em uma palavra latina que significa “chamar”. Se eu te chamo, você vem a mim, como na cena do Evangelho em que Jesus clama aos dois pescadores para irem atrás dele e eles o seguem.

A palavra “discípulo”, na mesma linha, significa “aprendiz” ou “aluno” – uma descrição apropriada de todos aqueles que seguiram Jesus de cidade em cidade no primeiro século ou para nós, hoje, que seguimos e aprendemos com Jesus.

A missão dos cristãos

Mas há muito mais na vida cristã do que seguir. Considere duas outras palavras que descrevem nosso chamado: “missão” e “apóstolo”. Essas palavras têm exatamente a conotação oposta das palavras acima. A palavra latina missio significa “Eu envio”, e se eu enviar você a algum lugar, você não está seguindo, você está indo! Você está na frente, encontrando o caminho a seguir, uma noção que é ainda mais reforçada na palavra “apóstolo”, de uma palavra grega para “enviar” ou “enviar”.

Lembre-se, por exemplo, daquela cena icônica do evangelho em que Jesus “enviou esses doze”, dizendo-lhes para “irem”. E lá foram eles, não seguindo Jesus e ouvindo parábolas, mas agora saindo para proclamar o Reino, curar os enfermos e proclamar a paz a todos que encontrassem.

Liderança

Tudo isso nos ajuda a entender que devemos pensar em nós mesmos como “líderes”. A maioria de nós associará de forma estereotipada a “liderança” apenas aos responsáveis ​​por instituições ou organizações. Podemos pensar em papas, cardeais e bispos como líderes, mas não em nós mesmos.

No entanto, uma das principais definições de liderança é “apontar um caminho e influenciar outros nesse sentido”. E, aqueles primeiros cristãos estavam incorporando essa definição de liderança: eles estavam apontando o caminho de Jesus e influenciando outros a abraçar os valores de Jesus. E é exatamente para isso que nós, cristãos modernos, somos chamados e enviados para fazer.

Seguidores ou líderes

Então, qual é? Somos nós, cristãos, predominantemente “seguidores” ou “líderes”? Somos ambos. Em igual medida. Claro que somos ambos, como encapsulados em um único versículo do evangelho de Marcos, onde Jesus, “chamou os Doze e começou a enviá-los”.

Nós nos extraviamos sempre que negligenciamos uma dimensão ou outra dessa vocação dinâmica. Algo falta se não nos entendemos como “em missão”, mostrando liderança, abraçando todas as oportunidades que a vida nos dá para “apontar o caminho”, em nossas famílias, comunidades e locais de trabalho. E algo dá errado quando o “caminho” que apontamos acaba sendo nossa própria agenda egoísta. Somos chamados para apontar o caminho de Jesus, não o nosso.

Então, da próxima vez que você for descrito como “um seguidor de Jesus”, diga a si mesmo: “Sim, é verdade. E também sou um líder.”

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CristianismoJesus
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