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“Justiça” britânica decreta assassinato de mais uma criança

Justiça

By Chodyra Mik | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 29/06/21

Pais querem transferir filha para EUA ou Israel, mas juízes decidem que ser morta é "de interesse da criança"

Não satisfeita com as barbaridades que já perpetrou contra os bebês Charlie Gard e Alfie Evans, cujos casos repercutiram com força no planeta inteiro em 2017 e 2018 respectivamente, a assim chamada “justiça” britânica decreta agora o assassinato de mais uma criança.

A nova vítima do autoritarismo ideológico dos magistrados do Reino Unido é a pequena Alta Fixsler, de 2 anos: ela nasceu com uma lesão cerebral grave e está internada na Unidade de Terapia Intensiva pediátrica do Royal Manchester Children’s Hospital (RMCH), onde, em vez de ser tratada com a máxima dignidade que cabe a todo ser humano enquanto se mantiver em vida, corre antes o risco de ser assassinada mediante a supressão do suporte vital por ordem judicial, à revelia dos próprios pais que querem transferi-la para Israel ou para os Estados Unidos.

De fato, a mãe da menina é cidadã israelense e o pai é norte-americano. Judeus, eles sustentam que a imposição judicial da supressão do suporte vital da filha viola a sua fé judaica e, portanto, o seu direito à liberdade religiosa.

Na verdade, mais basicamente ainda, a hedionda determinação mortífera da “justiça” britânica viola tudo o que pode haver de civilizado sobre a face da Terra, desde o direito elementar à vida até o direito-dever dos pais de cuidarem dos próprios filhos e zelarem pela sua sobrevivência, ainda que as chances sejam mínimas.

“Justiça” britânica decreta assassinato de mais uma criança

Em 28 de maio, a corte suprema de Londres rejeitou o pedido dos pais de transferir a filha a um hospital em Jerusalém. Para os magistrados, o “melhor interesse” de Alta é ser morta porque o parecer dos médicos é de que a sua recuperação é impossível.

Os médicos, aliás, haviam prognosticado que Alta morreria poucos dias após nascer – mas ela está viva há 2 anos. Como se não fosse suficientemente significativo que a própria realidade já tenha desmentido a “previsão” desses profissionais, o Centro Europeu para o Direito e a Justiça (ECLJ) publicou a respeito do caso um artigo que menciona um prognóstico alternativo, segundo o qual a menina poderia viver cerca de oito anos ou mesmo chegar à adolescência.

Estes fatos não parecem ter convencido os magistrados que determinaram o “melhor interesse” de Alta.

O próprio governo israelense e dois hospitais de Israel solicitaram a transferência da menina ao país, a fim de dar continuidade ao seu tratamento sem abreviar artificialmente a sua vida.

“Justiça” britânica rejeitou até oferta do Papa Francisco

O pavoroso argumento do “melhor interesse” do paciente, com o qual a “justiça” britânica decreta o assassinato de crianças, é o mesmo absurdo já alegado por outros magistrados do país para sentenciar a morte de Charlie Gard e Alfie Evans, muito embora os pais desses pequenos mártires também quisessem tentar tratamentos no exterior e contassem com ofertas formais de hospitais nos EUA e na Itália.

Até o Papa Francisco chegou a intervir, solicitando máxima disponibilidade do Hospital Pediátrico Bambino Gesù, do Vaticano – que, diga-se de passagem, é reconhecido como uma das melhores instituições de saúde infantil do planeta. A oferta do Papa também foi desprezada pela “justiça” do Reino Unido em nome daquilo que a sua arrogância decretou como de “melhor interesse” para ambos os bebês: serem assassinados.

EUA e Israel intervêm junto ao Reino Unido

Os pais de Alta recorreram contra a ditatorial decisão do tribunal supremo de Londres. Nova audiência foi realizada na última quarta-feira, 23 de junho, mas a decisão ainda não foi emitida.

No mesmo dia dessa audiência, o senador norte-americano Charles Schumer discursou sobre o caso e afirmou ter escrito à embaixadora britânica Karen Pierce pedindo a suspensão de “todas as decisões que vão contra os desejos da família” de Alta no tocante à sua saúde, até completar-se o processo que está em curso para reconhecer a cidadania norte-americana da menina. O objetivo declarado é que ela possa ser transferida aos Estados Unidos acompanhada pelo pai, que é cidadão do país e tem o inalienável direito de lutar pela vida da filha.

Antes ainda, no dia 21, dez senadores republicanos escreveram ao presidente Joe Biden, dos EUA, pedindo-lhe que intervenha junto ao primeiro-ministro Boris Johnson, do Reino Unido, em favor da família Fixsler:

“Consideramos profundamente preocupante que a filha de um cidadão norte-americano seja tratada desta forma num país com o qual mantemos uma aliança profunda e uma relação especial. Como pais, o Sr. e a Sra. Fixsler têm o direito de lutar para manter a filha viva. É inaceitável que pessoas do governo achem que elas, e não os pais, devam decidir o que é melhor para uma criança, mesmo numa questão de vida ou morte”.

Diante do fato indefensável de que a “justiça” britânica decreta o assassinato de crianças em nome do seu “melhor interesse”, o presidente de Israel, Reuven Rivlin, também enviou uma carta no início de junho ao príncipe Charles para pedir a sua intervenção num “assunto de grave e urgente importância humanitária”. Rivlin destacou:

“É fervente desejo de seus pais, judeus devotos e cidadãos israelenses, que a sua filha seja levada a Israel. Suas crenças religiosas se opõem diretamente à interrupção do tratamento médico que poderia prolongar a sua vida. Já foram feitos os preparativos para a sua transferência segura e para o seu tratamento contínuo em Israel”.

O ministro israelense da Saúde, Yuli Edelstein, também escreveu a seu par britânico, Matt Hancock, solicitando a mesma transferência:

“Conforme parecer jurídico anexado ao pedido em nome dos membros da família, em nossa opinião aceitável, e de acordo com a lei israelense, o tratamento médico não deve cessar se os pais se opõem à sua interrupção e se a esperança de vida excede os seis meses”.

Padrões morais para nortear a saúde pública?

A propósito do ministro britânico da Saúde, não custa recordar que ele acaba de renunciar porque se viu envolvido num escândalo nacional: Matt Hancock foi flagrado e fotografado beijando uma assessora com quem o tabloide “The Sun” afirma que ele está mantendo um caso extraconjugal. Para além do já questionável padrão moral de quem comete adultério, uma parte significativa da polêmica residiu no fato, autoexplicativamente hipócrita, de que o ministro da Saúde do Reino Unido estava descumprindo os rígidos protocolos de combate à covid-19 que o seu próprio ministério havia imposto a todo o resto dos meros mortais do país.

Assim como se viu nos casos aberrantes e indignantes dos mártires Charlie e Alfie, prevê-se que uma desgastante, torturante e absurda batalha judicial deverá intensificar também o já imenso sofrimento da família Fixsler – tudo porque a justiça britânica decreta o assassinato de crianças em nome do seu “melhor interesse”.

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