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Ciência já fala em “cérebro pandêmico”

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Octavio Messias - publicado em 02/07/21
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Pandemia afetou nosso cérebro de maneira inegável e isso está relacionado ao estresse

O periódico britânico The Guardian publicou uma reportagem com especialistas na qual define a sutil porém frustrante deterioração mental que muitos de nós estão sentindo durante a pandemia, o "cérebro pandêmico". Nos últimos 16 meses, quem nunca se viu perdido entre atividades rotineiras, sem foco ao navegar entre as abas abertas do computador ou até mesmo ao dobrar a roupa? Sim, você não está sozinha ou sozinho nessa.

Essa falta de foco, comum entre tantos durante a pandemia, seriam efeitos do "cérebro pandêmico". Como explica a autora da matéria, Kelli María Korducki, isso é resultado da produção contínua de cortisol, o hormônio do estresse, que mata neurônios e diminui a atividade no córtex pré-frontal, a área do cérebro responsável por memória, concentração e aprendizado.

Essa forte descarga de estresse pode estar relacionada não só ao fato de que estamos expostos a um vírus letal, como ao "eterno desconhecido" que se tornou nosso futuro, pois não sabemos exatamente como e quando tudo isso irá acabar. Como diz Mike Yassa, diretor de Neurologia do Aprendizado e da Memória no UC Irvine Cente, a pandemia não foi um mero evento estressante, mas uma coleção de muitos estressores simultâneos que colocam a vida em risco e que geraram disrupções da nossa atividade física, das nossas rotinas e ritmos diários por um período que já se estendeu em muitos meses. 

O "cérebro pandêmico" pode ser observado em exames clínicos que avaliaram a massa cinzenta de indivíduos confinados ao isolamento social e à solidão, efeitos que Barbara Sahakian, professora de neuropsicologia na Universidade de Cambridge, aponta como "profundos". "Observamos mudanças de volume na amígdala, no hipocampo e nas regiões temporal, frontal, occipital e subcortical. 

A boa notícia é que essa condição do "cérebro pandêmico" é reversível, uma vez que o cérebro é extremamente plástico e passível de reparação. "Vamos levar algum tempo para nos recuperar disso", aponta Mike Yassa, que diz que ao menos os britânicos já estão em uma "trajetória de recuperação", o que ainda assim não deve ocorrer instantaneamente. "Não chegamos a esse ponto de uma hora para a outra." 

Portanto, principalmente no Brasil, onde continuamos sem perspectivas de quando seremos vacinados em larga escala, é indispensável cuidar da higiene mental e fazer coisas que aliviam a produção de cortisol, como meditar, caminhar, fazer exercícios e até mesmo ouvir música, o que estimula a produção de hormônios que geram sensações de empatia e bem-estar.  

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