Há momentos em nossas vidas que, após passarmos pelo caminho do calvário e partilharmos da paixão de Jesus, resta-nos somente a dúvida, o sentimento da ausência de Deus em nossos sofrimentos, o desejo de fugir e esconder em nós o grito da dor da solidão. Parece-nos somente uma quimera, fantasia, isso de acreditar nas palavras quando tantos nos decepcionam, ou mesmo eu me decepciono a mim por não ser fiel, por não amar Jesus como quero.
“Põe aqui tua mão”
Acredito que todos esses sentimentos passaram por Tomé e por isso ele não quis mais só acreditar no testemunho dos outros. Temeu ter esperanças de novo e, mais para si do que para qualquer dos outros apóstolos, impôs uma condição para acreditar: “só se eu tocar na ferida”. No fundo, ele queria muito que a boa nova anunciada por tantos fosse verdade. Receava acreditar porque O amava demais e o seu coração ferido temia se entregar de novo.
Tão humano esse Tomé! Mas não é assim que também agimos quando somos magoados e nos decepcionamos em nossos relacionamentos? Não queremos mais acreditar! Põe aqui tua mão! Ouçamos a ordem de Jesus para Tomé, o homem que fez a experiência de tocar na humanidade gloriosa do Ressuscitado, mergulhar a mão na ferida aberta de seu coração e sentir o seu amor pulsar. Ele, ao tocar a ferida de seu Mestre, curou a grande ferida da descrença humana. Através de seu ato, podemos todos nós, hoje, crer sem precisar ver.
A dor é uma passagem
Entretanto, mais que isso, as palavras de Jesus, “põe aqui tua mão,” são um convite a nós, para tocarmos com coragem e fé as chagas de tantos filhos de Abraão, “filhos de Maria” e contemplarmos nelas a glória da ressurreição. Tocando na ferida aberta de Jesus, tocamos na da humanidade e entendemos que a dor mais que caminho de morte é antes caminho de vida, é “Pessach“, passagem.
O relato da incredulidade de Tomé é um autêntico sinal do sustento da fraqueza humana pela misericórdia de Deus. A exemplo deste apóstolo, coloquemos nossas mãos nas chagas dos que sofrem. Através do sofrimento do seu povo, entremos na intimidade do Filho de Maria e deixemos que o pulsar do seu glorioso coração nos ensine que a esperança nos torna perseverantes, a fé nos faz ver o invisível e o Amor…Esse é mais forte que a morte.
O sofrimento não é um castigo
O sofrimento é um mistério contra o qual nós mais lutamos, ainda que, Cristo tenha nos dito claramente para abraçarmos a nossa cruz e não para combatê-la. Se você, hoje, que está sofrendo uma profunda agonia e se encontra na noite escura da alma, olha para este Jesus que soube sofrer para se unir a cada um de nós que padece.
Se você tem vivido humilhações e perseguições injustamente, foi traído por quem mais amava, abandonado por seus amigos, desacreditado pelos seus, confia! Estás seguro! Seu Senhor caminha a seu lado. Se você se encontra sem forças diante das aflições, caído sobre o peso da cruz, coroado pelos espinhos que lhe ferem a carne, pense em Cristo Jesus. Se no caminho de tua maior prova, não aparecer um Simeão para lhe ajudar a carregar a cruz, há alguém que caminhou antes de você para fazer-lhe companhia: olha para Ele e crê que há um sentido escondido.
Para que aprendamos a encontrar o sentido e alívio de todo o sofrimento eu quero te convidar a viver uma semana de oração para que possamos buscar em Deus um sentido para o sofrimento.
Durante sete dias, teremos diversas orações e reflexões para auxiliar você nesta caminhada. Clique aqui para se juntar a esta comunidade de oração e adentrar neste mistério que faz parte de nossa vida e nem sempre nos agrada. Tome sua cruz, abrace-a e sigamos juntos o Nosso Senhor Jesus Cristo.
Érika Vilela, fundadora da Comunidade Filhos de Maria, pelo Hozana