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Cuba e Brasil na hora da verdade

PROTESTOS CONTRA A DITADURA DE CUBA EM HAVANA

YAMIL LAGE / AFP

Vanderlei de Lima - publicado em 13/07/21

A Igreja se contrapõe, firmemente, ao comunismo – com o nome que ele se apresentar –, contudo, não se opõe ao capitalismo em si, mas aos seus abusos, conforme expressou São João Paulo II

A imprensa noticiou as manifestações de cidadãos cubanos a pedirem o direito humano básico à liberdade que lhes é negado, em pleno século XXI, com veemência, pelo governo comunista cubano. Diante desse fato, importa dizer uma palavra.

O Papa Pio XI alertou os católicos dizendo que, embora o socialismo (= comunismo) se apresente de diferentes formas, nenhuma se concilia com a Fé Católica: “O socialismo, quer se considere como doutrina, quer como fato histórico, ou como ‘ação’, se é verdadeiro socialismo, mesmo depois de se aproximar da verdade e da justiça, não pode conciliar-se com a doutrina católica, pois concebe a sociedade de modo completamente avesso à verdade cristã” (Quadragesimo Anno, 15/05/1931, n. 117; cf. também: Paulo VI, Ecclesiam Suam, 105; João Paulo II, Centesimus Annus, n. 26 etc.). Esse não ao socialismo/comunismo é valido até hoje: “Nunca compartilhei a ideologia marxista porque ela é falsa”, afirma o Papa Francisco (ACI Digital, 05/03/2014).

Apesar desses vigorosos alertas, o comunismo penetrou na mente – ingênua ou maldosa (Deus julgará) – de alguns católicos. Daí o Papa São João Paulo II, visando à Teologia da Libertação de cunho marxista, ter alertado os Bispos latino-americanos, em 02/02/1980, sobre o grave perigo de se mesclar cristianismo e marxismo. Dizia, então, o Pontífice: “A Igreja não necessita de recorrer a sistemas e ideologias para amar, defender e colaborar na libertação do homem… A libertação cristã usa meios evangélicos com a sua eficácia peculiar e não recorre a algum tipo de violência, nem à dialética da luta de classes… ou à práxis ou à análise marxista, pelo perigo de ideologização a que se expõe a reflexão teológica, quando se realiza partindo de uma práxis que recorre à análise marxista. Suas consequências são a total politização da existência cristã, a dissolução da linguagem da fé na das ciências sociais e o esvaziamento da dimensão transcendental da salvação cristã”.

Intrinsicamente perverso

Ora, se a Igreja ensina que o comunismo – em qualquer modalidade ou matiz que se apresente (cf. Pio XI. Quadragesimo anno, 1931, n. 111-125) – é sempre mau em si mesmo, “intrinsecamente perverso” (Pio XI. Divini redemptoris, 1937, n. 58), o mesmo não ocorre com o capitalismo. Este, ao contrário do comunismo, “de per si não é condenável. E, realmente, de sua natureza não é viciosa. Só, então, viola a reta ordem, quando o capital escraviza aos operários ou à classe proletária com o fim e condição de que os negócios e todo o andamento econômico estejam nas suas mãos e revertam em sua vantagem, desprezando a dignidade humana dos operários, a função social da economia e a própria justiça social e o bem comum” (Pio XI. Quadragesimo anno, n. 101).

Repitamos: a Igreja se contrapõe, firmemente, ao comunismo – com o nome que ele se apresentar –, contudo, não se opõe ao capitalismo em si, mas aos seus abusos, conforme expressou São João Paulo II ao jornal La Stampa e que o L’Osservatore Romano reproduziu, na íntegra, em sua edição de 14/11/1993, do seguinte modo: “De um lado, temos o comunismo, uma utopia que, posta em prática, se demonstrou tragicamente desastrosa. De outro lado, há o capitalismo que, na sua dimensão prática, ao nível dos seus princípios basilares, seria aceitável sob o ponto de vista da Doutrina Social da Igreja, estando, sob vários aspectos, conforme à lei natural. É a tese já expressa por Leão XIII. Infelizmente, surgem abusos – várias formas de injustiça, de exploração, de violência e de prepotência – que alguns fazem dessa prática, em si aceitável, e então chegamos às formas de um capitalismo selvagem. São os abusos do capitalismo que devem ser condenados” (Pe. Paschoal Rangel, SDN. Teologia de jornal: uma interpretação teológica dos fatos. Belo Horizonte: O Lutador, 1996, p. 122).

Eis porque Cuba nos convida, de um modo mais especial neste momento, a rezar e a observar. Sim, a rezar pelos irmãos cubanos sofredores e a observar quem, aqui no Brasil – nos meios político e religioso, sobretudo –, se compadecerá publicamente dessas pessoas oprimidas por aquele regime vermelho e anticatólico. É a hora da verdade ou de confirmar, uma vez mais, “quem é quem” na ordem do dia.

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