Alberto Reyes Pías, sacerdote cubano, faz um relato-denúncia sobre a situação de escravidão de seu povo subjugado, há décadas, pelo comunismo. Vale a pena ler, em tradução portuguesa, as suas declarações ao site Religión en Libertad, de 14/07 último.
Em matéria intitulada “Um pároco consegue descrever de Cuba o sentir do povo: ‘Cumpriu-se o tempo da escravidão’”, o sacerdote relata que, na ilha-cárcere dominada pelos comunistas, é um perigo ser católico. São suas palavras: “Eu havia iniciado o ano escolar e tinha uma professora nova. Um dia, ante um comentário meu que não me recordo, ela me disse: ‘Tu és religioso?’ E eu lhe respondi: ‘Sim, mas não o diga a ninguém’. Senti-me muito mal com minha resposta e, quando cheguei a casa, contei isso à minha mãe. Minha mãe sempre foi uma mulher alegre e transbordante, mas lembro-me de que ela, muito séria, me olhou nos olhos e disse: ‘Se queres continuar indo à Igreja, tens de estar disposto a ser assassinado. Senão, nem vás mais’”.
O sacerdote demonstra ainda que o comunismo vermelho visa tomar o lugar de Deus e anular o grande dom humano, a liberdade: “Não se trata somente de poder e economia, porque hoje em dia isso pode ser mantido sem a necessidade de ter [todo] um povo contra. É algo mais, é a impunidade que o poder absoluto dá, é a possibilidade de agir sem ser questionado [...]. A impunidade é a possibilidade de se julgar ser Deus”. E continua: “Temos o poder de agir como homens e mulheres livres, temos o poder de dizer o que pensamos, de usar o ‘sim’ e o ‘não’ a partir da nossa consciência e não do que [nos] é oficialmente dirigido, podemos denunciar, em público e no privado, o que está errado e não agindo ‘como se nada estivesse acontecendo’, temos o poder de nos unir a quem defende a verdade e a justiça para não torná-lo vulnerável”.
Mais: “Diz o profeta Isaías: ‘Por muito tempo guardei silêncio, estive calado, me reprimi. Como mulher em trabalho de parto, agora grito e, ofegante, suspiro’” (cf. 42,14). Sim, pois “o ser humano é feito para a liberdade, a ponto de que nem sequer o seu Criador a violenta. Ao ser humano se pode reprimir, intimidar, ameaçar... e isso pode fazer, que por puro instinto de sobrevivência, a pessoa se submeta à escravidão e chegue, inclusive, a defender quem a oprime. Mas a liberdade está inscrita em nossos genes. Podem passar anos, até gerações, mas chega um momento no qual a alma se rebela e diz: ‘Basta!’. Há muito que o povo cubano vem dando sinais de cansaço e exaustão, há muitos anos, nosso povo vem alertando que ‘cumpriu-se o tempo da escravidão’”.
E pergunta: “Como é possível que tenhamos demorado tanto? – Porque eles não nos subjugaram da noite para o dia. Eles nos enganaram, nos manipularam, nos deslumbraram, e, quando os primeiros começaram a acordar, eles os massacraram, os fuzilaram impunemente. E o medo pôs a sua face onipresente em nossos corações e em nossas casas. E assim vivemos anos, escondendo-nos, fingindo e fugindo na primeira oportunidade, deixando muitas vezes a sós e à mercê do mal aqueles que ousaram levantar a voz da liberdade, apesar de o fazerem em nome de todos”. Todavia, “com o tempo, os sinais de descontentamento e raiva cresceram, mas esses sinais foram desprezados, ridicularizados e subestimados. ‘Somos poderosos’, ‘somos continuidade’, ‘os escravos não ousarão se rebelar’. Mas se enganaram, porque a liberdade nasce da alma, e a alma tem uma força irreprimível”.
Independentemente do que aconteça, o regime vermelho está desmascarado: “Não há mais volta, porque agora vimos o verdadeiro rosto daqueles que, durante anos, nos falaram, dia após dia, e com força, do quanto nos amavam e queriam o nosso bem. Agora, sabemos que era tudo mentira, e que nem a mão nem a voz vacilaram ao proclamar a destruição e a morte, e a incitar a guerra de irmão contra irmão em uma luta cujas feridas, talvez, nunca sarem”.
Que as palavras desse corajoso sacerdote tenha forte eco entre os que, por graça de Deus, não nos iludimos com o comunismo e suas artimanhas diabólicas, especialmente com a escravidão, a mentira e o homicídio.