O horário de buscar as crianças na escola, a saúde dos nossos pais, os boletos que não param de se avolumar à porta da sala. Com que frequência, ou melhor, quantas vezes por dia nos flagramos pensando em coisas que podem dar errado. "E se..." sempre passa pela cabeça. Mas as chances de todas essas preocupações nunca se materializarem é de 91,4%.
Esse foi o resultado a que chegou um estudo realizado pelo departamento de psicologia da Universidade da Pensilvânia. Os cientistas anotaram os relatos das preocupações de 29 pacientes com transtorno de ansiedade generalizada. Ao longo de um mês, essas preocupações foram monitoradas e apenas 8,6% se materializaram. Considerando a pequena amostragem e o distúrbio cada vez mais comum que os acomete, podemos concluir que 91,4% de nossas preocupações não passam de desperdício de tempo e energia.
Pensamentos negativos e excesso de preocupação podem ser considerados sintomas de ansiedade, o que, junto com a depressão, consistem no mal do século. E isso foi intensificado pela pandemia.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, antes da disseminação do novo coronavírus, 3,6% da população mundial sofria de ansiedade. Com o medo constante da doença e da morte, o distanciamento social necessário para contê-la e as recém-encontradas dificuldades financeiras advindas da crise, esse número, que já era alto, saltou para 15,5%. Muita gente está sofrendo de ansiedade e ainda nem sabe.
Muitas das terapias aplicáveis pela psicologia moderna se baseiam no modelo cognitivo-comportamental, que relaciona a incidência de pensamentos a comportamentos ou respostas de ansiedade.
Uma das mais recentes é a terapia metacognitiva, que ensina a observar nossos pensamentos intrusivos. Em vez de reprimi-los, esse modelo terapêutico mostra como entender o que desencadeia tais pensamentos e como eles são nocivos ao nosso bem-estar.
Existem técnicas da terapia metacognitiva para entendimento dos pensamentos intrusivos, ajudando a identificá-los e a ressignificá-los de imediato.
Além de práticas psicológicas convencionais, existem ainda técnicas de meditação para o exercício da atenção plena que podem ajudar a focar no presente, deixando o passado para trás e não se preocupando tanto com o que está por vir.
Afinal, o único momento sobre o qual de fatos temos algum controle é o aqui e agora. Mas vale lembrar que a linha entre preocupações administráveis e quadros de ansiedade é tênue. Portanto, se estiver sentindo que tem muita coisa na sua cabeça e que essas preocupações são paralisantes, não deixe de procurar ajuda.
Mas, além do médico(a) e do psicólogo(a), não deixe de recorrer à imensa riqueza da fé para serenar o seu espírito e alcançar a paz. A Igreja Católica contém um rico acervo de ferramentas de espiritualidade para ajudá-lo a superar o excesso de preocupações e viver uma vida mais contemplativa e com o coração em paz. Fale com o pároco da igreja mais próxima da sua casa.