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Os “megadivulgadores de Deus” que agem como se só eles tivessem a verdade

Pe. Zezinho

Pe. Zezinho | Facebook

Reportagem local - publicado em 22/07/21

"Hospitais conseguem muito mais curas do que alguns templos", denuncia o pe. Zezinho

Os “megadivulgadores de Deus” agem como se só eles tivessem a verdade, denuncia o pe. Zezinho em comentário publicado na sua rede social.

O sacerdote escreveu:

“Cada qual do seu jeito, como ouviram na sua igreja de origem ou na igreja para a qual se transferiram, convictos divulgam Deus, anunciam Jesus Cristo e fazem milhares e até milhões de discípulos e seguidores. São os mega divulgadores de Deus. Anunciam milagres, curas, catequeses, e agem como se só eles acharam a verdade. Se outros acharam alguma verdade, acentuam que o seu achado foi maior! Jesus está com eles porque nos seus templos acontecem prodígios, curas e milagres.

É o que ouço e vejo na televisão todos os dias em mais de 300 ou 600 canais de rádio e TV, Brasil afora”.

Megadivulgadores de Deus

O pe. Zezinho prossegue:

“O que penso disso? São livres! Somos um país mais ou menos democrático. Mas nisto, existe liberdade. Aqui se pode anunciar Jesus. Em outros países o regime não permite.

Eu também prego e anuncio Jesus Cristo. Também divulgo Deus. Se outros brasileiros divulgam suas convicções contra ou a favor de Deus, nós também temos o mesmo direito.

Mas no meu caso há diferenças. Não profetizo que haverá curas e milagres pela TV e pelo rádio, com dia e hora marcada. Não divulgo nenhum milagre sem que a Igreja na qual sou sacerdote me autorize. Não invento liturgias nem curas. Hospitais conseguem muito mais curas do que alguns templos. Mas os hospitais estão proibidos de fazer propaganda de curas. É contra a ética da saúde!”

“Não sou profeta”

O sacerdote brasileiro continua:

“Jesus nunca me apareceu, nenhum bem-aventurado me apareceu e ninguém do céu até hoje me deu algum recado para eu ir à TV ou rádio ou templo divulgar qualquer cura ou milagre. Menos ainda fazer propaganda de milagres quando eu subir a púlpito. Sigo as orientações da Igreja que me ordenou sacerdote. Sigo os livros oficiais da Igreja Católica.

Não sou profeta. A Igreja oficial nunca me nomeou profeta, exorcista ou portador do dom da cura ou de operar milagres. Se eu tivesse este dom, iria aos hospitais tentar curar quem precisasse do meu dom. E, certamente, não faria marketing deste dom, nem convidaria os telespectadores e rádio-ouvintes a comparecer no templo onde, com hora marcada, eu atuaria operando milagres e curas a mando de Jesus. Entendo a fé a partir de outra perspectiva.

Jesus nunca me apareceu. Mas creio nele, usando os dons que Ele meu deu, e nenhum deles é tão espetacular que eu possa dizer que ‘Jesus me mandou curar alguém num palco e diante de câmeras e microfones'”.

Dons comuns

O padre então finaliza:

“Mas é o que eu penso! Se outros sacerdotes ou missionários, dois mil anos depois, acham que têm os mesmos dons que Jesus deu aos apóstolos, é assunto deles com Jesus. Eu não recebi nem mesmo o dom de falar em línguas. Não tenho esta graça. Entendo que Deus me deu suficiente dom de comunicar e pregar o evangelho sem a ‘linguagem dos anjos’. Prego em cinco línguas humanas e escrevo como sei. E estou grato a Jesus e à Igreja pelo meu ministério.

Trabalho com dons comuns. Mas respeito quem diz que recebeu dons extraordinários. Eu não os tenho!

Há lugar para todos na fé cristã. Só cuido para não confundir ‘extraordinário’ com ‘espetacular’, porque é aí que mora o desvio”.

Tags:
CristianismoIgreja
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