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A Missa e o Bispo Diocesano na Tradição

Cardinals and Bishops

Riccardo De Luca - Update | Shutterstock

Vanderlei de Lima - publicado em 25/07/21

Peçamos que Deus nos conserve a graça da fidelidade ao Santo Padre, o Papa Francisco, e ao nosso bispo diocesano em comunhão com ele

O Papa Francisco, no motu proprio Traditionis Custodes (Guardiões da Tradição), traz à memória dos fiéis a importância da plena comunhão com o bispo Diocesano – que, por sua vez, na Igreja particular (Diocese), está em total comunhão com a Igreja universal (Roma) sob todos os aspectos (cf. Catecismo da Igreja Católica n. 833-834). Tal comunhão se manifesta muito particularmente na Liturgia. 

Sobre este ponto oferecemos alguns ensinamentos de dois Santos Padres da Igreja – homens que, nos primeiros séculos do Cristianismo, muito contribuíram na formulação da reta fé católica apostólica romana –, pois são eles vozes aprovadas da Tradição.

Já no século I, Santo Inácio de Antioquia, bispo e mártir, escrevia aos magnésios que o bispo deles, apesar de jovem, era muito respeitado pelo clero. Este o obedecia como se obedece a alguém que representa Deus Pai entre nós. São suas palavras: “Como soube, os santos presbíteros não abusam da notável juventude dele, mas prudentes em Deus, obedecem-lhe. Ou melhor, obedecem não a ele, mas ao Pai de Jesus Cristo, o bispo de todos. Por isso, em honra daquele que nos ama, faz-se mister obedecer sem hipocrisia, pois não é a este bispo visível que alguém ilude, mas é ao invisível que tenta enganar. Tudo quanto se faz neste sentido não se refere à carne, mas a Deus que conhece todo o oculto. Convém, então, sermos cristãos não só de nome, mas de fato. Ora, há quem tenha o nome do bispo na boca, porém, tudo faz sem ele. Estes tais não me parecem possuir consciência reta, porque não se reúnem com lealdade, segundo o preceito”. 

O mesmo santo, na Carta aos esmirnenses, continua a tratar da união, de fato e de direito, com o bispo diocesano em tudo o que se refere ao seu magistério autêntico (cf. Lumen Gentium, 25), ou seja, quando trata de fé e moral, mas, de um modo especial, afirma ser lícita apenas a Santa Missa celebrada em plena comunhão com o legítimo pastor da diocese. Diz o santo: “Sigam todos ao bispo, como Jesus Cristo ao Pai; sigam ao presbitério como aos apóstolos. Acatem os diáconos, como à lei de Deus. Ninguém faça sem o bispo coisa alguma que diga respeito à Igreja. Por legítima seja tida tão somente a Eucaristia feita sob a presidência do bispo ou por delegado seu. Onde quer que se apresente o bispo, ali também esteja a comunidade, assim como a presença de Cristo Jesus, também [ele] nos assegura a presença da Igreja Católica. Sem o bispo, não é permitido nem batizar nem celebrar o ágape. Tudo, porém, o que ele aprovar será também agradável a Deus, para que tudo quanto se fizer seja seguro e legítimo” (cap. VIII). E mais: “Quem honra o bispo será também honrado por Deus; quem faz algo às ocultas do bispo presta culto ao diabo” (cap. IX). A pergunta é: quem, em sã consciência ou livre do orgulho satânico, deixaria de prestar culto a Deus com o bispo para render, sem ele, culto ao diabo, o divisor?

São Cipriano de Cartago, no século III, por sua vez, ensina: “A Igreja é o povo unido ao seu Pontífice e o rebanho que adere ao seu Pastor. Em consequência, devemos compreender que o bispo está na Igreja e a Igreja está no bispo, e que, se alguém não está com o bispo, não está na Igreja” (Epístola66, 8,3). Para ele querer separar a Igreja do bispo é “desmantelar os membros de Cristo, despedaçar o corpo da Igreja Católica” (Epístola 44, 3,1). Em sentido contrário e positivo, respeitar o bispo significa “aproximar entre si os membros do corpo dilacerado na unidade da Igreja católica, reatar o vínculo da caridade cristã… voltar ao regaço e aos braços da própria Mãe” (Epistola 45, 1s).

Note-se que ambos não falam do aspecto humano ou mesmo falho do bispo, mas centram-se no aspecto divino da missão que Deus lhe deu. Isso é sábio, pois a Igreja não é a mera soma dos seus membros, mas, sim, uma realidade divino-humana, por isso transcendente aos humanos. Ela é o Corpo Místico de Cristo prolongado na história dos homens (cf. 1Cor 12,12-21; Cl 1,24), tendo, assim, diferença em relação aos governos meramente terrenos que, mesmo eleitos pelo povo, também não agradam a todos. 

Peçamos que Deus nos conserve a graça da fidelidade ao Santo Padre, o Papa Francisco, e ao nosso bispo diocesano em comunhão com ele.

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