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Papa: é feio usar as pessoas em proveito próprio

PAPIEŻ FRANCISZEK

ALBERTO PIZZOLI/AFP/East News

Reportagem local - publicado em 01/08/21

Quando buscamos sobretudo a satisfação das nossas necessidades, corremos o risco de usar as pessoas e de instrumentalizar as situações para os nossos objetivos

A partir do Evangelho deste domingo, o Papa Francisco convidou os católicos a buscarem uma relação com Deus que “vá além das lógicas do interesse”.

Dirigindo-se aos fiéis e turistas reunidos na Praça São Pedro a uma temperatura de 34ºC, o Papa afirmou que as pessoas que haviam testemunhado a multiplicação dos pães não haviam compreendido o significado do gesto: “restringiram-se ao milagre externo e ao pão material.”

Segundo o Papa, cada um deve se perguntar: “Por que buscamos o Senhor? Por que eu busco o Senhor? Quais são as motivações da minha fé, da nossa fé?”.

“Temos necessidade de discernir isso, porque entre as tantas tentações que temos na vida, entre as tantas tentações há uma que poderíamos chamar de tentação idolátrica. É aquela que nos leva a buscar a Deus para nosso próprio uso e consumo, para resolver os problemas, para obter, graças a Ele, o que não conseguimos obter sozinhos, por interesse.”

Fé imatura

Desse modo, a fé permanece superficial e miraculosa: “buscamos a Deus para matar nossa fome e depois quando estamos satisfeitos nos esquecemos dele”.

“No centro desta fé imatura não existe Deus, estão as nossas necessidades. Penso nos nossos interesses, tantas coisas…É justo apresentar ao coração de Deus as nossas necessidades, mas o Senhor, que age bem além das nossas expectativas, deseja viver conosco sobretudo uma relação de amor. E o amor verdadeiro é desinteressado, é gratuito: não se ama para receber um favor em troca. Isso é interesse, e tantas vezes na vida nós somos interesseiros!”

O Papa Francisco disse que devemos nos perguntar também: “Como fazer para purificar a nossa busca por Deus? Como passar de uma fé mágica, que só pensa nas próprias necessidades, para uma fé que agrada a Deus?”. E é o próprio Jesus que responde, afirmando que “a obra de Deus é acolher Aquele que o Pai enviou, ou seja, Ele mesmo, Jesus”.

“Não é acrescentar práticas religiosas ou observar especiais preceitos; é acolher Jesus, é acolhê-Lo na vida, é viver uma história de amor com Ele. Será Ele quem purificará a nossa fé. Sozinhos, não somos capazes. Mas o Senhor deseja uma relação de amor conosco: antes das coisas que recebemos e fazemos, existe Ele a ser amado. Existe uma relação com Ele que vai além das lógicas do interesse e do cálculo.”

E isso, afirmou o Papa, vale não só em relação a Deus, mas também nas nossas relações humanas e sociais.

“Quando buscamos sobretudo a satisfação das nossas necessidades, corremos o risco de usar as pessoas e de instrumentalizar as situações para os nossos objetivos. Quantas vezes ouvimos sobre uma pessoa: ‘Mas ele usa as pessoas e depois se esquece’. Usar as pessoas em proveito próprio, é feio isso! E uma sociedade que coloca no centro os interesses em vez das pessoas, é uma sociedade que não gera vida. O convite do Evangelho é este: em vez de nos preocuparmos apenas com o pão material que nos alimenta, acolhamos Jesus como o pão da vida e, a partir da amizade com Ele, aprendamos a amar-nos uns aos outros. Com gratuidade e sem cálculos. Amor gratuito e sem cálculos, sem usar as pessoas, com gratuidade, com generosidade, com magnanimidade.”

Rezemos agora à Virgem Santa, disse o Papa ao concluir, Aquela que viveu a mais bela história de amor com Deus, para que nos conceda a graça de nos abrirmos ao encontro com o seu Filho.

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