Os ataques a igrejas católicas no Canadá aumentam acentuadamente: segundo a polícia de Vancouver, foram 13 ocorrências desde o início de junho, incluindo desde atos de vandalismo como pedradas e pichações até incêndios criminosos que já destruíram completamente ao menos dez igrejas no país.
A onda de ataques começou em maio, quando foram descobertas cerca de 200 sepulturas num antigo colégio interno da cidade de Kamloops, na província da Colúmbia Britânica. Eram túmulos de crianças indígenas que o próprio governo canadense retirava de suas famílias e comunidades originárias para enviá-las a escolas residenciais com o objetivo de separá-las da sua cultura nativa e educá-las no estilo de vida dito ocidental.
Como a maioria dessas escolas eram geridas por congregações católicas, a indignação com a descoberta das sepulturas foi canalizada contra a Igreja, acusada de omissão ou mesmo de ativa cumplicidade com essa política de imposição cultural do governo canadense.
Após o achado dos primeiros 200 túmulos, começaram a ser descobertas centenas de outros, sem identificações, em diversas outras escolas espalhadas pelo país.
Vários líderes indígenas, no entanto, se declararam contra os ataques a igrejas.
Perry Bellegard, líder da Assembleia das Primeiras Nações, afirmou:
"Destruir propriedades não nos ajudará a construir o Canadá pacífico, melhor e mais tolerante que todos queremos e necessitamos. A violência deve ser substituída pela cerimônia e por tudo o que os nossos antepassados nos ensinaram sobre a coexistência pacífica e o respeito mútuo. O diálogo atencioso, e não destruição, é o caminho para isso".
As autoridades policiais também estão preocupadas com o número de igrejas vandalizadas. A polícia de Vancouver, uma das mais importantes cidades do país, se disse atenta e ativa para impedir novos casos. O sargento Steve Addison declarou:
"Felizmente, ninguém ficou ferido nesses incidentes de Vancouver e a maioria dos danos foram menores. Mas estamos ficando mais preocupados a cada dia com a escalada desses crimes e com a sua natureza explícita. Pedimos aos responsáveis por esses crimes que parem".
A arquidiocese local também emitiu comunicado:
"O caminho certo a seguir é o da reconciliação, do diálogo e da expiação com os povos indígenas e seguindo a maneira como eles nos conduziriam nesse processo".