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O padre francês assassinado sabia do risco que estava correndo?

FATHER Olivier Maire VIGIL

Frédéric Pétry| Hans Lucas | AFP

Zelda Caldwell - publicado em 13/08/21

O assassino do padre já tinha incendiado uma catedral e recebeu abrigo na comunidade do sacerdote

Em entrevista ao jornal Le Figaro, o filósofo católico Rémi Brague refletiu sobre a morte do sacerdote Olivier Maire. O padre francês foi assassinado por um imigrante ruandês. O que ele tinha a dizer aborda o que significa ser cristão.

“O assassinato do padre parecia evitável”. Essa foi a suposição feita pelo entrevistador – e, talvez, sustentada pela maioria das pessoas. O suspeito era um conhecido incendiário que confessou ter ateado fogo na Catedral de Nantes em julho de 2020. Apesar disso, Pe. Maire o hospedou em sua comunidade.

Quando questionado sobre como se sentiu sobre o assassinato do padre, o filósofo Brague lamentou o “colapso das instituições”, que permitiu que tal pessoa permanecesse na França após cometer um incêndio criminoso. Ele também questionou por que o suspeito não poderia ter sido colocado em uma instituição para oferecer-lhe os cuidados – e vigilância – de que precisava.

Amor cristão

Quando perguntado se o padre francês assassinado estava “cego por sua bondade” e perdeu os sinais de alerta que deveriam tê-lo convencido a não abrigar o homem, Brague disse:

“A bondade nunca cega as pessoas. Pelo contrário, abre seus olhos. ‘O amor é cego’ é a sabedoria popular universal, mas, no fundo, isso não é muito sábio. O provérbio só é verdadeiro se por ‘amor’ você se referir a uma paixão que tudo consome e que, em última análise, ama seu objeto apenas pelo prazer que dele extrai e, portanto, não ama realmente nada além de si mesma. “

Depois, o filósofo acrescentou:

“O amor verdadeiro amplia e aprofunda nosso entendimento. Desde o início, a fé ajudou os cristãos a ver como seres humanos plenos aqueles que os outros eram apenas capazes de ver, na melhor das hipóteses, como parcialmente humanos: escravos, mulheres, os nascituros, os pagãos moribundos …

Pessoas boas querem o melhor – para si mesmas e para os outros. Às vezes, são até capazes de colocar o bem dos outros antes do seu. Bondade significa aprender a reconhecer a capacidade de fazer o bem, mesmo entre pessoas que parecem incapazes para isso. Significa dar uma chance a alguém que pode não merecer. Isso significa correr riscos, às vezes grandes riscos. Tudo o que sabemos nos leva a crer que o Pe. Maire sabia disso. Ele pertencia a uma congregação missionária, ou seja, costumava viver em regiões inóspitas – às vezes até hostis. Ele era movido pela convicção de que todos os seres humanos são dignos da mensagem da verdade que ele carregava.”

É certo arriscar a própria vida?

O Pe. Maire perdeu a vida vivendo sua fé, mas Brague adverte: isso não significa que seja certo uma pessoa encorajar os outros a arriscarem suas vidas. Para ele, proteger seus cidadãos da violência é uma das missões essenciais do estado.

“Se falhar em proteger seus cidadãos, sua legitimidade se esvai”, concluiu Brague.

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