Ao ouvir a experiência amorosa de uma paciente, resolvi escrever algo breve sobre o amor.
Pois bem, vamos lá! Todos dizem que um dia encontraremos a “tampa da nossa panela” e a “metade da nossa laranja”. Confesso que essas ideias me parecem um tanto contraditórias, considerando que já nascemos inteiros.
Quando me refiro a “inteiro” me refiro à completude. E se somos completos, por que vivemos como se fôssemos metades, esperando do outro e depositando nele a responsabilidade de preencher em nós uma falta que é só nossa e que só nós e Deus podemos preencher?
Deus nos criou singulares e inteiros, e fica muito triste quando seres tão especiais como nós, criados por Ele, buscamos em uma vida – muitas vezes – promíscua, preencher um vazio que nem deveria existir, porque já nascemos inteiros.
Saber lidar com o vazio
O fato é que, durante nossa jornada nesta terra, acabamos perdendo pedaços de nós pelo caminho. Pedaços estes que fazem uma falta danada e que criam em nós um vazio sem cor e sem nome.
É fato que o ser humano não sabe como lidar com o vazio e reconhecê-lo. Por isso, geralmente busca preenchê-lo com coisas e pessoas que não têm o poder de preenchê-lo.
Quantas pessoas doam o que têm de mais precioso para alguém que sequer tira os sapatos para adentrar em solo sagrado? Quantos jovens em uma balada beijam dez bocas em uma noite, procurando por algo que durará menos que o efeito momentâneo de uma tequila?
Por que procuramos em coisas que trazem mais vazio ainda a completude que nós tanto buscamos? Sabe, eu espero que um dia, todos nós possamos experimentar a sensação única de (re)encontrar os pedaços perdidos de nós, para que finalmente possamos nos sentir completos e amados primeiramente por Deus e por nós mesmos.
Nascemos completos
Só então, após a experiência de conhecer o vazio e sair dele por nós mesmos, descobriremos que nascemos completos e descobriremos até mesmo onde é que nós perdemos pedaços de nós pela jornada da vida.
E mais: arrisco dizer que após essa a experiência de cair e levantar mesmo em meio a dor, entenderemos que somos solo sagrado e que, por isso, qualquer coisa ou pessoa que seja, deve vir para somar, para enfeitar e colorir uma vida que já é feliz.
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