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As coisas importam apenas enquanto forem importantes

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fotoliza | Shutterstock

Robert McTeigue, SJ - publicado em 20/08/21

O que acontece quando assumimos o que não podemos manter? Lições de uma criança de cinco anos...

As coisas importam apenas enquanto forem importantes.” O que isso significa para você?

É mais do que apenas um jogo de palavras – é uma importante lição de vida. Aqui está uma ilustração: participei da festa de aniversário de um menino de cinco anos; vamos chamá-lo de “Mikey”. Foi uma luxuosa festa de aniversário ao ar livre, com o que parecia ser um caminhão de brinquedos para encantar um menino de cinco anos. No centro havia um carro elétrico do tamanho de uma criança para Mikey dirigir em seu grande quintal. O que poderia ser melhor que isso? O que poderia dar errado?

Bem … havia outras crianças de cinco anos nesta festa. Você deve imaginar o que aconteceu depois. Cada vez que uma criança corria em direção a um brinquedo atraente, Mikey corria, gritando: “Não! É meu!” 

Ele arrancava o brinquedo da outra criança. Depois, Mikey ficava com mais brinquedos resgatados do que ele poderia carregar. O que fazer? Ele decidiu carregar todo o seu estoque de brinquedos em seu carro elétrico e fugir. Ótima ideia, certo?

Mas … ele não conseguia colocar todos os brinquedos no carro de fuga com rapidez suficiente. Cada vez que ele colocava um brinquedo em seu carro, uma criança pegava outro brinquedo, e Mikey precisava resgatá-lo. 

Então, enquanto ele estava resgatando o brinquedo, algum intruso tentava entrar no carro! Lembro-me de Mikey com um pé dentro do carro, um pé fora, oss braços em volta de uma confusão de brinquedos, cercado por crianças saindo com seus tesouros – e Mikey chorando do fundo de sua alma: “Nãããããããããããão!”

As coisas importam apensa enquanto forem importantes

Qual é o aspecto mais importante dessa história para mim? O fato de que aconteceu há mais de 30 anos. O “pequeno” Mikey está agora mais perto dos 40 do que dos 30. Duvido que ele se lembre daquela festa de aniversário. Certamente, todo o lixo de plástico movido a bateria que ele recebeu há tantos anos foi descartado e esquecido. Mas por um tempo, essas coisas causaram muito drama em sua vida.

É por isso que comecei perguntando sobre a afirmação: As coisas importam apenas enquanto forem importantes. Não somos muito parecidos com o pequeno Mikey? Correr atrás e lutar por coisas que não duram e são rapidamente esquecidas? E então repetimos o processo – indefinidamente. Ficamos exaustos, insatisfeitos e ansiosos. Por que fazemos isso?

Nosso Senhor disse: “Onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração.” (Mateus 6, 21). Nós, criaturas tolas e caídas, colocamos nosso coração no que não é Deus. Por isso, ficamos surpresos e indignados quando perdemos o controle. 

Seria ridículo, mas alguns de nós nunca aprendem a lição que a história de Mikey pode nos ensinar, e alguns de nós entram em uma fúria assassina quando aquilo que não é Deus não nos dá o que só Deus pode nos dar. Somos idólatras naturais com um transtorno de ansiedade existencial. 

O que fazer?

Trabalho com jovens preocupados que a vida não lhes mande o namorado ou a namorada dos seus sonhos. Aponto suas prioridades e digo-lhes: “Dê a Cristo toda oportunidade de ser a primeira satisfação do seu coração. Uma vez que você tenha a experiência real da superabundante suficiência de Cristo, então você pode se aproximar de outra pessoa humana com generosidade. Com Cristo como seu primeiro amor, você não vai pedir a uma pessoa que faça por você o que só Deus pode fazer.” Às vezes eles ouvem; às vezes não.

Por outro lado, certa vez trabalhei com uma freira monástica que me contou uma série de histórias nas quais sofreu grandes e injustas perdas materiais. Quando ela viu meu queixo cair em choque, ela sorriu e disse: “Está tudo bem, padre – não sou apegada.” Ela tinha paz e alegria diante da perda, porque ela permitiu que Cristo fizesse por ela o que Ele deseja fazer por todos nós. Ou seja: ser a primeira satisfação de nossos corações.

Eventualmente, nosso tempo acabará e entraremos na eternidade. Isso é verdade para todos nós. A questão que nos resta é o coração que levaremos conosco para a eternidade. Se superestimarmos as coisas que passam e que não podem ser satisfeitas, teremos formado um coração que tem pouco espaço para Cristo. E essa é uma péssima maneira de começar a eternidade.

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