Uma festa do presidente na pandemia está gerando mais um escândalo moral na Argentina de Alberto Fernández. Enquanto impunha aos cidadãos a mais prolongada e estrita quarentena do mundo, ao longo de 233 dias em 2020, ele mesmo participou não de uma, e sim de pelo menos duas festas em pleno palácio presidencial, com o distanciamento e as máscaras cedendo o protagonismo ao vinho e à boa mesa.
Os resultados da gestão da pandemia na Argentina são catastróficos. Além de terminar de estraçalhar a já combalida economia do país que já foi um dos mais ricos do mundo e hoje salta de uma crise para a outra, o autoritarismo e a rigidez com que o fechamento radical foi implementado não serviram para frear o coronavírus: mais de 5,1 milhões de argentinos foram contagiados e os óbitos chegaram a 109.841 até esta sexta-feira, 20 de agosto de 2021. Trata-se do oitavo país com mais contágios no planeta e de um dos únicos treze a terem ultrapassado a trágica marca das 100 mil vidas perdidas.
Um relato sobre os suplícios adicionais inflingidos à população pela falta de bom senso das medidas draconianas do governo de esquerda de Alberto Fernández e Cristina Kirchner foi veementemente divulgado por um pai argentino impedido de se despedir da própria filha, mesmo após ter dirigido 12 horas seguidas desde a Patagônia até o hospital de Córdoba em que ela teve de morrer sozinha:
A cada novo anúncio de prorrogação do confinamento, Alberto Fernández fazia questão de aludir aos artigos 205 e 239 do Código Penal argentino, que estabelecem penas de 6 meses a 2 anos de prisão para quem violasse as medidas sanitárias.
Aparentemente, porém, o presidente com arroubos autoritários considerou-se isento tanto das medidas quanto das penalidades.
Festa do presidente na pandemia gera escândalo na Argentina
Em 14 de julho de 2020, o povo argentino permanecia sob as duras restrições decretadas pelo próprio Fernández: isolamento social, impedimento da circulação de pessoas cujos trabalhos não fossem definidos pelo governo como essenciais e rígida proibição de qualquer reunião social.
Nessa data, porém, a primeira-dama Fabiola Yañez estava celebrando o seu aniversário numa festa que, embora proibida por decreto, reunia convidados sem máscara e sem distanciamento social. Alberto Fernández estava presente e, em um dos vídeos que circulam pelas redes sociais comprovando o evento, pode-se até ouvi-lo tossir.
As imagens demonstram que o jantar regado a vinho e espumante aconteceu na residência oficial do presidente, apesar de que o comunicado divulgado à época dizia que o aniversário da primeira-dama, devido à pandemia, seria celebrado “via Zoom e com máscaras de proteção”.
Quando as primeiras informações de uma festa clandestina vieram à tona, o governo as negou enfaticamente e até ensaiou indignação com o que seriam maldosas “fake news“. Quando surgiu a primeira foto, rapidamente acusaram opositores de terem feito uma montagem. Quando surgiu a segunda foto, o presidente mesmo se viu obrigado a admitir os fatos, mas classificou-os suavemente como “um erro” e “um deslize”. O país aguardava, no mínimo, um pedido de desculpas. O que os cidadãos ouviram, porém, foi a lacônica afirmação de que “isso não vai voltar a acontecer”.
A consultoria Synopsis realizou uma pesquisa segundo a qual 71,7% dos entrevistados argentinos consideram esse episódio como imoral e delitivo.
Tentativa de esgotar o assunto antes das eleições
Em dias recentes, foram divulgados mais três vídeos breves da festa clandestina de aniversário da primeira-dama.