Abandonar um filho quando ele mais precisa dos pais significa deixá-lo sem atenção e cuidado, sem o amparo e proteção de que precisa, causando danos talvez irreparáveis em seu ser.
Alguns pais recorrem a elaborados mecanismos de justificação, e quanto mais o fazem, mais endurecem seu coração à verdade de estar cometendo uma ação inumana, pela qual rejeitam assumir com plenitude o amor ao maior dos dons.
Esta é a mais vil manifestação do egoísmo e covardia de quem é incapaz do amor verdadeiramente pessoal.
Muitos pais jamais abandonariam um filho na porta de uma casa qualquer. Mas existem muitas formas de abandono que não costumam ser evidentes e que já adquiriram aceitação em muitas consciências.
Tais formas de abandono têm uma história em comum: gerar os filhos foi a parte fácil, mas sua criação, que exige educação com amor de abnegação e sacrifício, dura muitos anos. E é nesta fase que pode acontecer o maior abandono.
- Quando A Sra. e o Sr. Sucesso Profissional não têm tempo pessoal para seu filho, dada sua importante “autorrealização”, já que “tempo é dinheiro” e não dá para pensar nos outros. Então apelam ao famoso “tempo de qualidade”, enchendo os filhos de presentes, pagando colégios de tempo integral etc.
- Quando o tempo dos filhos é dedicado à academia, às reuniões sociais, enquanto os filhos ficam à mercê da internet, televisão ou babá.
- Quando se deixa os filhos o final de semana inteiro com os avós, “porque cuidarão bem deles e os amam muito”.
– Quando se deixa o filho o dia todo com os avós de maneira constante, “porque cuidam bem dele e o amam muito”.
– Quando se envia o filho adolescente para estudar fora do país durante anos, para evitar os problemas desta fase, e dando mais prioridade à aprendizagem de um idioma novo do que ao acompanhamento nesta etapa tão crucial da vida.
– Quando o filho se torna somente o cartão de visitas dos pais, que condicionam sua aceitação a que seja um aluno brilhante.
– Quando os pais se esquecem que a verdadeira educação acontece no ser dos filhos, e a medem apenas pelos resultados no ter, saber e fazer. Quando se negam a escutar, compreender e comunicar-se com os filhos, para ajudá-los a dirigir sua vida com plena liberdade.
– Quando os pais em conflito usam os filhos como luvas de boxe em suas frequentes brigas.
– Quando os pais se divorciam e tratam o tema da guarda dos filhos como se discutissem pela casa ou pelo carro, sem considerar o grande dano que lhes causam.
– Quando os filhos se tornam uma válvula de escape da pressão que os pais sentem diante das provações da vida, sendo então violentados, humilhados.
– Quando os pais desconhecem que seu maior valor é saber amar, acolhendo o filho somente por ele ser quem é, porque é esse amor que estrutura a personalidade do filho, mediante a identificação e as experiências vividas com seus pais.
Porque, para bem ou para mal, os pais serão sempre a principal referência da identidade dos filhos.