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“Só por Deus estou aqui”, diz mulher que venceu o câncer e a Covid-19

Geane Prado
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Ricardo Sanches - publicado em 23/08/21
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Ela testou positivo para Covid-19 enquanto fazia tratamento contra o câncer. Foi intubada, teve várias complicações, mas alcançou a graça da cura

Geane Prado, 51 anos, brasileira, voluntária: essa é a personagem de uma história real de superação e fé. Uma história marcada pela vitória sobre o câncer e a Covid-19.

Tudo começou em agosto de 2021. Foi quando Geane recebeu o diagnóstico de um câncer na medula. As sessões de quimioterapia e o transplante seriam inevitáveis. Porém, na segunda sessão do tratamento quimioterápico, os médicos descobriram que Geane estava com Covid-19.

Ela foi para o hospital, mas o quadro se agravou muito rapidamente. Naquele momento, ela diz que entregou a própria vida a Deus. Antes da intubação, mesmo acreditando que seria curada, começou a escrever cartas de despedida para a família. Enviou todas para uma amiga e pediu que ela entregasse as mensagens aos destinatários se algo pior acontecesse.

Em uma das cartas, ela pediu aos filhos:

O quadro de Geane se agravou. Intubada, ela teve ainda que lutar contra as complicações, como: embolia pulmonar, parada cardíaca, insuficiência renal, pneumonia bacteriana. A febre não cessava, e, em determinado momento, os médicos avisaram a família que ela teria apenas 48 horas de vida.

Mas a fé dos parentes e amigos de Geane foi mais forte do que o diagnóstico médico. Ao saber que a mãe teria pouco tempo de vida, os filhos mobilizaram uma enorme corrente de oração. Levaram amigos para a porta do hospital para rezar, pediram orações pelo WhatsApp e pelas redes sociais. Pessoas de todo o Brasil aderiram ao movimento de fé e se uniram a uma palavra de incentivo que sempre era dita durante as preces: "Levanta, Geane".

Deus e Geane parecem ter ouvido o grito de quem tanto a ama. Pouco antes de ser levada para o setor de cuidados paliativos do hospital, a febre cessou e o quadro dela foi gradativamente melhorando. "Um milagre", disseram os médicos.

"Os médicos disseram que minha família poderia se preparar para o meu óbito, porque a medicina não tinha mais nada para fazer. Nenhum medicamento era capaz de cessar minha febre. Mas Deus estava do nosso lado. Um médico, inclusive, falou para a minha filha: 'Sua mãe pode se considerar uma vitoriosa'. E eu estou aqui porque tudo isso realmente foi um grande milagre", comemora Geane.

A mulher ainda diz que, durante o coma, teve algumas experiências "sobrenaturais": "Eu estive do lado de lá. Eu vi a minha parada cardíaca, eu vi os médicos me reanimando... Depois eu fui lembrando... Eu me lembro de um médico dizendo: 'Não desista, não desista'... E Deus quis que eu ficasse aqui", relata.

Depois de quase quarenta dias no hospital, Geane recebeu alta. Tocou o sino da vitória reservado aos que recebem a graça da cura. Cura em dobro, pois, recentemente, ela também fez um exame e descobriu que a carga de células tumorais em seu corpo não é mensurável. Ou seja, tudo indica que ela não tem mais o câncer, embora os médicos ainda falam da necessidade de fazer um transplante.

"Eu não sei o que Deus quer de mim, mas tudo o que ele quiser eu concordo. Eu não quero fazer o transplante, porém, se a cura definitiva vier pelo transplante, eu aceito fazer", diz Geane, que também é voluntária no ICA, o Instituto do Câncer de São José do Rio Preto, SP.

Depois de tanto sofrimento, Geane entendeu o que Deus quer dela:

"Eu sempre tive uma vida de servir. E foi para isso que Deus me deixou aqui, para elevar o nome dele", explica.

Além disso, ela diz que tirou grandes lições dessa fase difícil de sua vida. Lições que ela levará para sempre e funcionarão como testemunho a quem estiver passando por dificuldades. "Eu aprendi que a gente tem que viver o agora, melhorar ainda mais como ser humano, não guardar mágoa, não deixar nada sem resolver, viver cada dia e viver cada dia para Deus", finaliza.