Padre e freiras conseguem levar 14 crianças deficientes de Cabul para a Itália: a boa notícia diz respeito a cinco irmãs Missionárias da Caridade, congregação fundada pela Santa Madre Teresa de Calcutá, e a um sacerdote italiano que passou 8 anos na capital do Afeganistão.
Já as crianças, que apresentam deficiência intelectual, moravam no orfanato que as missionárias fundaram em Cabul no ano de 2006. Infelizmente, a instituição precisou ser fechada devido à retomada de poder pelos talibãs na metade deste mês.
O pe. Giovanni Scalese era o superior da missão "sui iuris" no Afeganistão e celebrava diariamente a Santa Missa para os católicos residentes na capital. A celebração era realizada na única igreja católica existente em todo o território afegão, situada dentro da embaixada da Itália no país.
Entre as cinco religiosas que chegaram de Cabul a Roma neste dia 25 está a irmã Bhatti Shahnaz, que trabalhava com crianças portadoras de deficiências. Entre lágrimas, ela confirmou que não foi possível trazer as outras 50 crianças que residiam na instituição.
O grupo das 14 crianças que puderam ser trazidas do Afeganistão, assim como as religiosas e o sacerdote, foi recebido no aeroporto de Roma pelo pe. Matteo Sanavio, da ONG Pro Bambini di Kabul. Ele declarou ao Vatican News:
"Pudemos nos abraçar e as primeiras palavras que dissemos foram 'Louvado seja o Senhor, porque fez grandes coisas'".
A Itália recebeu mais de 2.600 refugiados afegãos desde o dia 15, quando os talibãs tomaram o poder em Cabul. Um terço do total são crianças, segundo o ministro italiano da Defesa, Lorenzo Guerini.
O pe. Matteo agradeceu ao exército da Itália pelo trabalho de evacuação:
"Eles conseguiram trazer as religiosas com saúde, estas pequenas sementes de caridade cristã presentes no Afeganistão. E, sobretudo, temos que agradecer a eles por trazerem estas crianças das Missionárias da Caridade, que têm deficiências severas".
A Pro Bambini di Kabul vai continuar apoiando as famílias afegãs transferidas para a Itália e, assim que houver condições, o pe. Matteo pretende retomar a missão no próprio Afeganistão:
"Não sou muito pessimista. O Afeganistão poderia encontrar a sua própria estabilidade. Vamos esperar para ver que tipo de governo será formado".
E o que restará da Igreja no Afeganistão após esta retirada? O padre responde:
"Todas essas sementes de caridade podem parecer perdidas aos olhos humanos, mas se a semente que cai no chão não morre, não dá fruto. O que foi semeado pelos religiosos durante tantos anos ficou lá e esperamos e rezamos para que dê fruto".