Aleteia logoAleteia logoAleteia
Sábado 10 Junho |
São Censúrio de Auxerre
Aleteia logo
Religião
separateurCreated with Sketch.

Papa: o risco de perder o tesouro do Evangelho

WEB-AMGAS0121-POPE-FRANCIS-Audience-September-01-21-Antoine-Mekary-ALETEIA-AM_9879.jpg

Antoine Mekary | ALETEIA

Reportagem local - publicado em 01/09/21

"Não se apercebem de que o perigo é o de perder o tesouro precioso, a beleza da novidade de Cristo"

O Papa Francisco deu prosseguimento hoje, em sua catequese com os peregrinos no Vaticano, à explicação da Carta de São Paulo aos Gálatas.

Nas catequeses anteriores – explicou o Papa – “vimos que o Apóstolo Paulo mostrou aos primeiros cristãos da Galácia como era perigoso deixar o caminho que tinham iniciado a percorrer ao aceitar o Evangelho”.

Com efeito, o risco é cair no formalismo, que é uma das tentações que nos leva à hipocrisia. (…) Cair no formalismo e negar a nova dignidade que receberam: a dignidade de remidos por Cristo. O trecho que acabámos de ouvir dá início à segunda parte da Carta. Até este ponto, Paulo falou da sua vida e da sua vocação: de como a graça de Deus transformou a sua existência, colocando-a completamente ao serviço da evangelização. Neste ponto, interpela diretamente os Gálatas: põe-nos diante das escolhas que fizeram e da sua condição atual, o que poderia anular a experiência de graça que viveram.

View this post on Instagram

A post shared by Aleteia Português (@aleteiapt)

Fé é fruto da graça

Segundo o Papa, o apóstolo “está zangado”.

Diz genericamente “Gálatas” e duas vezes lhes chama “insensatos”, que não é um termo gentil. Estultos, insensatos e pode dizer muitas coisas… Não o faz porque não são inteligentes, mas porque, quase sem se aperceberem, correm o risco de perder a fé em Cristo que aceitaram com tanto entusiasmo. São insensatos porque não se apercebem de que o perigo é o de perder o tesouro precioso, a beleza da novidade de Cristo. A desilusão e a tristeza do Apóstolo são evidentes. Não sem amargura, ele provoca esses cristãos a lembrarem-se do primeiro anúncio feito por ele, através do qual lhes ofereceu a possibilidade de obter uma liberdade até então inesperada.

De acordo com o Santo Padre, a Apóstolo faz perguntas aos Gálatas “a fim de despertar as suas consciências: por isso é tão forte”.

Trata-se de questões retóricas, pois os Gálatas sabem muito bem que a sua chegada à fé em Cristo é fruto da graça recebida através da pregação do Evangelho. Leva-os ao início da vocação cristã. A palavra que ouviram de Paulo centrou-se no amor de Deus, plenamente manifestado na morte e ressurreição de Jesus. Paulo não conseguiu encontrar uma expressão mais convincente do que aquela que provavelmente lhes tinha repetido várias vezes na sua pregação: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, que me amou e se entregou a si mesmo por mim» (Gl 2, 20). Paulo mais não queria saber do que de Cristo crucificado (cf. 1 Cor 2, 2). Os Gálatas devem olhar para este evento, sem se deixarem distrair por outros anúncios… Em suma, a intenção de Paulo é colocar os cristãos em condições para que se apercebam do que está em jogo e não se deixem encantar pela voz das sereias que os querem conduzir a uma religiosidade baseada unicamente na observância escrupulosa dos preceitos. Pois eles, os pregadores novos que chegaram à Galácia, convenceram-nos que deviam voltar atrás e observar também os preceitos que levam à perfeição antes da vinda de Cristo, que é a gratuidade da salvação.

Ação do Espírito Santo

Por outro lado – prosseguiu o Papa –, os Gálatas compreendiam muito bem ao que o Apóstolo se referia.

Tinham certamente experimentado a ação do Espírito Santo nas comunidades: como nas outras Igrejas, também a caridade e vários outros carismas se tinham manifestado entre eles. Ao serem postos à prova, tiveram de responder que quanto tinham vivido era fruto da novidade do Espírito. Portanto no início da sua chegada à fé, estava a iniciativa de Deus e não a dos homens. O Espírito Santo tinha sido o protagonista da sua experiência; colocá-lo agora em segundo plano a fim de dar primazia às próprias obras – isto é ao cumprimento dos preceitos da Lei – seria uma insensatez. A santidade vem do Espírito Santo e é a gratuidade da redenção de Jesus: isto justifica-nos.

Como vivemos nossa fé?

Deste modo – afirmou o Papa Francisco –º, São Paulo convida também a nós a refletir: como vivemos a fé?

Será que o amor de Cristo crucificado e ressuscitado permanece no centro da nossa vida quotidiana como fonte de salvação, ou será que nos contentamos com algumas formalidades religiosas para estar em paz com a nossa consciência? Como vivemos nós a fé? Estamos apegados ao tesouro precioso, à beleza da novidade de Cristo, ou preferimos algo que neste momento nos atrai, mas que depois nos deixa vazios por dentro?  O efémero bate muitas vezes à porta dos nossos dias, mas é uma triste ilusão, que nos faz cair na superficialidade e nos impede de discernir aquilo por que realmente vale a pena viver.

Segundo o Papa Francisco, é preciso manter a certeza de que, mesmo quando somos tentados a afastar-nos, Deus continua a conceder os seus dons.

Ao longo da história, e ainda hoje, se verificam coisas que se assemelham ao que aconteceu aos Gálatas. Também hoje algumas pessoas nos fazer arder as orelhas dizendo: “Não, a santidade está nestes preceitos, nestas coisas, é preciso fazer isto e aquilo”, e propõem-nos uma religiosidade rígida, a rigidez que nos tira aquela liberdade no Espírito que a redenção de Cristo nos dá. Estai atentos perante a rigidez que vos propõem: estai atentos. Pois por detrás de cada rigidez há algo negativo, não existe o Espírito de Deus. É por isso que esta Carta nos ajudará a não ouvir estas propostas meio fundamentalistas que nos fazem retroceder na nossa vida espiritual, e nos ajudará a avançar na vocação pascal de Jesus. É isto que o Apóstolo reitera aos Gálatas quando lhes recorda que o Pai «doa o Espírito abundantemente, e realiza obras maravilhosas entre vós» (3, 5). Ele fala no presente, não diz “o Pai doou o Espírito em abundância”, capítulo 3, versículo 5, não: diz “doa”; não diz “realizou”, não, “realiza”. Pois, apesar de todas as dificuldades que possamos colocar à sua ação, inclusive não obstante os nossos pecados, Deus não nos abandona, mas permanece connosco com o seu amor misericordioso. Deus está sempre próximo de nós com a sua bondade. É como aquele pai que todos os dias subia ao terraço para ver se o filho voltava: o amor do Pai não se cansa de nós. Peçamos a sabedoria de nos apercebermos sempre desta realidade e de afastar os fundamentalistas que nos propõem uma vida de ascese artificial, afastada da ressurreição de Cristo. A ascese é necessária, mas a ascese sábia, não artificial.

Tags:
BíbliaevangelhoPapa Francisco
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia