Corre pelas redes sociais a inspiradora história do cristão Samir e do muçulmano Muhammad, que teriam vivido em Damasco, na Síria otomana, durante os anos finais do século XIX.
De acordo com relatos compartilhados por dezenas de páginas e até por alguns sites de notícias como o Egypt Independent e o The News Nigeria, Samir teria sido um anão paralítico e Muhammad seria cego.
Sem a luz dos olhos de Samir, Muhammad não teria maneira de se locomover sozinho pelas labirínticas ruas da antiga Damasco, ao passo que o paralisado Samir não conseguiria chegar a lugar algum sem os pés de Muhammad. Um dependia do outro: a sua extraordinária amizade literalmente os completava.
Os relatos sobre o cristão paralítico e o muçulmano cego acrescentam que os dois eram órfãos, compartilhavam a mesma habitação miserável e viviam sempre juntos.
Quando Samir morreu, Muhammad teria chorado durante sete dias por ter perdido a sua metade. Por fim, ele próprio acabaria morrendo de tristeza pela morte do amigo - que era também a morte dos seus olhos.
Não há fontes que documentem a veracidade dos nomes e da história pessoal desses dois homens, mas o caso é que a fotografia que os retrata é, sim, genuína.
Trata-se de uma imagem capturada em 1889 pelo fotógrafo Tancrède Dumas (1830-1905), nascido na Itália de pais franceses.
Dumas aprendeu a fotografar em Florença e abriu seu estúdio de fotografia em Beirute no ano de 1860. Foi contratado pela Sociedade Americana de Exploração da Palestina, predecessora das Escolas Americanas de Pesquisa sobre o Oriente, para documentar as regiões ao leste do Rio Jordão. Dumas também viajou com o grão-duque de Mecklenburg-Schwerin, o que o levou a adotar o título de Fotógrafo da Corte Imperial e Real da Prússia.
Sua fotografia do cristão paralítico sendo carregado pelo muçulmano cego está disponível na Divisão de Gravuras e Fotografias da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos com o número de identificação digital cph.3b41806. A imagem também é disponibilizada pelo Wikimedia Commons.
Que o cristão paralítico e o muçulmano cego, seja qual tenha sido a sua história verdadeira, sejam uma inspiração real perante as paralisias e cegueiras da nossa época.