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Papa: o ingrediente que falta para dar sabor à vida

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Photo by Tiziana FABI / AFP

Reportagem local - publicado em 13/09/21

Em viagem à Eslováquia, Papa falou da ilusão de um estilo de vida consumista, que torna a vida cinzenta

O Papa Francisco afirmou hoje que o ingrediente que falta para dar sabor à vida é “cuidar dos outros”.

Em discurso às autoridades da Eslováquia, o Papa falou da ilusão de muitos jovens, que “arrastam-se cansados e frustrados”.

Pão

O Papa comentou dois aspectos da hospitalidade eslava, simbolizados pelo pão e o sal.

O pão, escolhido por Deus para Se tornar presente entre nós, é essencial. A Escritura convida a não o acumular, mas a partilhá-lo. O pão de que fala o Evangelho é sempre dividido. É uma mensagem forte para a nossa vida comum: diz-nos que a verdadeira riqueza não consiste tanto em multiplicar o que temos, como sobretudo em partilhá-lo equitativamente com aqueles que nos rodeiam.

Segundo o Santo Padre, o pão, cuja fração evoca a fragilidade, convida-nos de forma particular a cuidar dos mais frágeis.

O pão partido e equitativamente partilhado recorda a importância da justiça, de dar a cada um a oportunidade para se realizar. É preciso trabalhar para construir um futuro onde as leis se apliquem equitativamente a todos, com base numa justiça que nunca se deixe comprar. E, para que a justiça não fique uma ideia abstrata, mas se torne concreta como o pão, tem de se travar uma luta séria contra a corrupção começando por promover e difundir a legalidade.

Além disso, o pão está ligado ao dia-a-dia.

O pão de cada dia é o trabalho, que ocupa a maior parte da jornada. Como sem pão não há nutrição, também sem trabalho não há dignidade. Na base duma sociedade justa e fraterna, vigora o direito de ser proporcionado a cada um o pão do trabalho, para que ninguém se sinta marginalizado e se veja constrangido a abandonar a família e a terra de origem à procura de melhor sorte.

Sal

O Papa prosseguiu sua mensagem dizendo que primeiro símbolo que Jesus usa, ao ensinar os seus discípulos, é o sal.

Antes de mais nada, este dá sabor aos alimentos, levando a pensar naquele sabor sem o qual a vida permanece insípida. Na verdade, não bastam estruturas organizadas e eficientes para tornar boa a convivência humana, é preciso sabor, o sabor da solidariedade. E como o sal só dá sabor dissolvendo-se, também a sociedade readquire sabor através da generosidade gratuita de quem se gasta pelos outros.

Assim, disse o Papa, é bom que os jovens, em particular, sejam motivados para isto, “a fim de se sentirem protagonistas do futuro do país e o tenham a peito, enriquecendo com os seus sonhos e criatividade a história que os precedeu”.

Não há renovação sem os jovens; com frequência, porém, estes acabam iludidos por um espírito consumista que torna cinzenta a sua existência. Muitos, demasiados, na Europa arrastam-se cansados e frustrados pelo stresse dos ritmos de vida frenéticos e sem saber onde beber motivações e esperança. O ingrediente que falta é cuidar dos outros: sentir-se responsável por alguém dá sabor à vida e permite descobrir que, tudo aquilo que damos, na realidade é um dom que fazemos a nós mesmos.

O Papa explicou ainda que, no tempo de Cristo, o sal, além de dar sabor, servia para conservar os alimentos, não os deixando deteriorar.

Oxalá nunca permitais que os fragrantes sabores das vossas melhores tradições sejam estragados pela superficialidade do consumo e do lucro material; e, muito menos, pelas colonizações ideológicas. Até algumas décadas atrás, nestas terras, um pensamento único impedia a liberdade; hoje, outro pensamento único esvazia-a de sentido, reduzindo o progresso ao lucro e os direitos a meras carências individualistas. Hoje, como então, o sal da fé não é uma resposta segundo o mundo, não reside no ardor de empreender guerras culturais, mas na sementeira calma e paciente do Reino de Deus, a começar pelo testemunho de caridade, do amor. A vossa Constituição menciona o anseio de construir o país sobre a herança dos Santos Cirilo e Metódio, padroeiros da Europa. Sem imposições nem constrangimentos, eles fecundaram a cultura com o Evangelho gerando benéficos processos. Este é o caminho: não a luta pela conquista de espaços e relevância, mas a via indicada pelos Santos, a via das Bem-aventuranças. É daqui, das Bem-aventuranças, que brota a visão cristã da sociedade.

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