"Em plena pandemia, as circunstâncias exigem ocupar-se de outros assuntos imprescindíveis"
O arcebispo de La Plata, dom Víctor Fernández, se manifestou publicamente com um recado claro ao presidente da Argentina, Alberto Fernández, cujo governo tem adotado “prioridades” como aborto, maconha, eutanásia e a assim chamada “linguagem não binária”: nenhuma dessas pautas publicizadas como “progressistas” resolverá “as profundas angústias” do povo argentino, afirmou o arcebispo.
Dom Víctor Fernández publicou um retumbante artigo no jornal “La Nación“, em 16 de setembro, intitulado “Presidente, resta pouco tempo“. O prelado alerta:
“Por amor a esta pátria ferida, muitos esperam que o presidente possa rever a tempo a sua agenda de prioridades para evitar um desastre que acabaria prejudicando mais ainda o nosso povo. [O presidente] está muito ocupado com o aborto, a maconha e até com a eutanásia, enquanto os pobres e a classe média tinham outras profundas angústias que ficaram sem resposta.
Nos últimos meses, viu-se uma poderosa cruzada para impor uma linguagem ‘não binária’ em que, nas imensas favelas, ninguém parece estar interessado. Talvez queiram copiar a agenda do socialismo espanhol, esquecendo que aqui estamos na América Latina e, para cúmulo, em plena pandemia, onde as circunstâncias exigem ocupar-se de outros assuntos imprescindíveis.
No final do ano passado, enquanto os países vizinhos estavam comprando vacinas, aqui o Ministério da Saúde se extasiava em plena campanha pelo aborto. Ao menos terão que reconhecer que não era o momento justo, nem era essa a necessidade mais básica”.
De fato, o senado argentino legalizou o aborto em plena véspera do Réveillon, dia 30 de dezembro de 2020, no “apagar das luzes” de um dos anos mais tristes da história recente da humanidade.
Aborto e maconha não resolvem as angústias do povo
O arcebispo de La Plata descreveu o real cenário de necessidade na vida de muitas mulheres argentinas:
“[Muitas mulheres] sobrevivendo dia após dia, com suas famílias destroçadas, seus filhos que abandonaram a escola e enveredaram pelo mundo das drogas e da delinquência, com o dinheiro se desvalorizando a cada dia”.
Dom Victor completou:
“Às vezes a política se confunde quando acredita que, falando de certos temas, estaria respondendo às expectativas da sociedade, mas na realidade só está adulando setores minoritários ao seu redor. Isso não é o povo argentino”.