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Milagre do sangue de São Januário volta a ser registrado em Nápoles

Sangue de São Januário ou San Gennaro
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Reportagem local - publicado em 20/09/21
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Fiéis estavam apreensivos: o fenômeno não tinha se renovado em dezembro, o que foi interpretado como um sinal de alerta

O milagre do sangue de São Januário voltou a ser registrado em Nápoles neste domingo, 19: ele costuma liquefazer-se em três ocasiões a cada ano, sendo elas o primeiro domingo de maio, a festa litúrgica do santo (justamente a de ontem, 19 de setembro) e o aniversário do milagre de 1631, no dia 16 de dezembro, quando, pela intercessão de São Januário, evitou-se uma tragédia após a erupção do vulcão Vesúvio.

Um relicário custodiado na catedral de Nápoles guarda o sangue do santo em estado sólido.

O fenômeno da liquefação do sangue de São Januário tem sido registrado desde nada menos que o ano de 1389, quando foi testemunhado pela primeira vez. Desde então, nunca se chegou a nenhuma explicação científica sobre o caso.

O povo da região aguardava a festa litúrgica do santo com particular expectativa, já que, em 16 de dezembro de 2020, o sangue de São Januário não se liquefez. A não ocorrência do milagre costuma ser interpretada, popularmente, como sinal de que algo ruim está para acontecer.

De fato, para mencionar alguns exemplos, o sangue do santo não se liquefez em alguma das três datas destes anos:

    No primeiro domingo de maio deste ano, porém, o fenômeno voltou a ser registrado. E o mesmo se repetiu ontem.

    Pouco antes da missa das 10h da manhã, dom Domenico Battaglia, arcebispo de Nápoles, levou o relicário da capela do tesouro até o altar maior da catedral, onde permaneceu durante a celebração da Santa Missa - restrita à presença de 450 fiéis por conta das medidas de combate à pandemia de covid-19, mas com transmissão ao vivo pela TV e pela internet.

    No mesmo domingo a arquidiocese confirmou que o milagre tinha se renovado.

    São Januário é o padroeiro de Nápoles. Durante a perseguição do imperador romano Diocleciano contra os cristãos, nos primórdios da Igreja, o então bispo de Benevento foi capturado e torturado, mas se negou a rejeitar a fé cristã. Junto com outros fiéis, ele foi decapitado por volta do ano 302. Suas relíquias foram sendo transferidas para diversos lugares até chegarem a Nápoles em 1497.

    A devoção dos napolitanos a São Januário ficou ainda mais profunda por ocasião da erupção do Vesúvio em 1631, quando os fiéis foram em procissão até uma igreja próxima do vulcão, levando solenemente o crânio do mártir e uma ampola com o seu sangue. Segundo os registros locais, a erupção cessou sem causar mortes nem feridos, embora a lava já corresse na direção de Nápoles e as cinzas vulcânicas já “chovessem” sobre a região.

    Confira o relato da não ocorrência do milagre em dezembro passado: