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Venezuela: morre o cardeal Urosa, crítico da ditadura bolivariana

CARDEAL UROSA

Foto: @GuardianCatolic

Francisco Vêneto - publicado em 24/09/21

Hugo Chávez havia atacado o cardeal publicamente em diversas ocasiões, mas Urosa não se acovardou em sua defesa dos venezuelanos

Morreu nesta quinta-feira, 23, aos 79 anos de idade, o cardeal venezuelano Jorge Urosa Savino, arcebispo emérito de Caracas. Urosa havia sido hospitalizado em 27 de agosto, por complicações decorrentes da Covid-19, e estava internado na Unidade de Terapia Intensiva de um hospital da capital da Venezuela.

O Papa Francisco enviou telegrama de condolências no qual manifesta os seus pêsames e descreve o cardeal como um “pastor dedicado que, durante anos e com fidelidade, deu a vida ao serviço de Deus e da Igreja”. Francisco termina o telegrama oferecendo “sufrágios pelo descanso eterno da sua alma, para que o Senhor Jesus lhe conceda a coroa da glória que não perece”.

Cardeal Urosa

O arcebispo era natural de Caracas, onde nasceu em 28 de agosto de 1942. Foi ordenado sacerdote em 15 de agosto de 1967 e, após completar os estudos na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, foi nomeado bispo auxiliar de Caracas em 1982. Em 1990 se tornou arcebispo de Valência, também na Venezuela, e, em 2005, o Papa Bento XVI o transferiu como arcebispo titular para a Sé Arquiepiscopal de Caracas. No ano seguinte foi nomeado cardeal. Já no pontificado de Francisco, foi escolhido para fazer parte do Conselho de Cardeais encarregados da reforma organizacional e econômica da Santa Sé.

Durante o Sínodo dos Bispos sobre a Família, em outubro de 2015, defendeu com firmeza a doutrina católica e encorajou os padres sinodais a não abandonarem os ensinamentos de Jesus e da Igreja. Neste contexto, enviou uma carta ao Papa Francisco, junto com outros doze cardeais, denunciando pressões ideológicas de grupos que tentavam forçar mudanças na doutrina católica sobre a comunhão para divorciados em segunda união.

Renunciou à arquidiocese de Caracas em 2018 por ter ultrapassado a idade de 75 anos. Sendo emérito, não participou do Sínodo sobre a Amazônia, realizado no ano seguinte, mas manifestou-se claramente contrário a propostas aventadas naquele contexto, tais como a ordenação de diaconisas e o fim do celibato.

Crítico da ditadura bolivariana

O cardela Urosa também foi crítico firme e corajoso do regime socialista dos ditadores venezuelanos Hugo Chávez e Nicolás Maduro. Chávez, aliás, atacou publicamente o cardeal em diversas ocasiões. Urosa, por sua vez, instou Nicolás Maduro a renunciar ao poder e a convocar eleições democráticas e transparentes na Venezuela.

A Conferência Episcopal Venezuelana declarou que Urosa sempre esteve ao lado do povo do país, apelando aos líderes políticos para trabalharem juntos na pacífica resolução da crise profunda que sufoca a nação há anos.

O cardeal é autor de livros como “O progresso e o Reino de Deus em Teilhard de Chardin”, sua tese doutoral, e “A Venezuela do futuro, um desafio para a Igreja”, além de “Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida” e “Jesus Cristo, luz do mundo”.

Urosa tmabém promoveu com afinco a canonização do assim chamado “Médico dos Pobres”, doutor José Gregorio Hernández, que foi beatificado em 30 de abril deste ano.

Em dias recentes, já enfermo, o cardeal Urosa publicou uma carta em que declara o seu amor por Deus, pela Igreja e pelo povo venezuelano e pede a Deus que “abençoe a Igreja na Venezuela para que permaneça sempre unida”.

Jorge Urosa Savino será sepultado no Panteão Arcebispal da Catedral de Sant’Ana, em Caracas, ao lado de 15 arcebispos que o precederam.

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