Nesta sexta-feira (24), o último álbum de rock a ter um alcance realmente global marcando gerações, com alcance e popularidade comparáveis aos panteões de Elvis, Beatles e Rolling Stones, completou 30 anos. Um disco que continua a influenciar gerações ao longo das décadas, atestando, ano a ano, seu status de clássico. Trata-se de Nevermind, o segundo álbum do Nirvana, que tanto definiu quanto popularizou a estética grunge, nascida espontaneamente nos porões de Seattle e então lançada para o resto do mundo feito um meteoro.
O álbum tirou Michael Jackson, Madonna e Whitney Houston do topo das paradas e expôs para o mundo os anseios e as angústias de milhões de adolescentes ao redor do planeta no começo dos anos 1990, angústia esta que se tornou tragicamente icônica com o suicídio do vocalista e guitarrista Kurt Cobain, o gênio criativo da banda, dois anos e meio e três discos depois. Passadas três décadas, Nevermind vendeu 30 milhões de cópias.
Smells Like Teen Spirit, o primeiro single e faixa de abertura do disco, lançada semanas antes, foi imediatamente catapultada ao topo das paradas e abriu caminho para uma série de sucessos como In Bloom, Come as You Are, Lithium e Something in the Way. "Smells Like Teen Spirit tinha decolado e de uma hora para outra Kurt não podia ir a lugar nenhum sem ser importunado", escreveu Mark Lanegan, seu amigo íntimo e colega na cena musical de Seattle com a banda Screaming Trees, em seu recente livro de memórias, Sing Backwards and Weep.
O álbum atingiu em cheio o espírito de adolescentes e jovens adultos da geração X, continuando a inspirar geração após geração. Uma prova disso é Smells Like Teen Spirit ter atingido um bilhão de plays, na plataforma de Streaming Spotify, em junho passado.
A explosão do Nirvana com Nevermind lançou luz sobre a cena underground como um todo, atraindo atenção para bandas do chamado rock alternativo baseadas em outras cenas musicais dos Estados Unidos, como Sonic Youth, Dinosaur Jr., Meat Puppets e L7. Mais do que isso, essa geração resgatou a essência punk de acordes simples e barulhentos de guitarra, dos vocais catárticos e do espírito "do it yourself", ou faça você mesmo, ao gravarem suas próprias demos nos porões de suas casas usando equipamentos domésticos.
Liderados pelo Nirvana, a geração de Seattle e seus contemporâneos de outras áreas influenciaram legiões de jovens a formarem uma banda, buscarem autenticidade e cantarem com o coração. Sem Nevermind, a banda Arctic Monkeys, também de essência punk, dificilmente teria feito sucesso mundial no começo dos anos 2000 com suas demos gravadas em casa e veiculadas na internet, despertando o interesse de uma grande gravadora.
Como escreveu Bruce Pavitt – co fundador do selo Sub Pop, que lançou Bleach (1989), o primeiro álbum do Nirvana, e revelou algumas das principais bandas da cena de Seattle, como Soundgarden, Mudhoney e Melvins –, na sexta, em um post sobre Nevermind em suas redes sociais: "Nirvana chegou chegou ao mundo em seus próprios termos, e a juventude se sentiu empoderada".