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Bispos católicos canadenses pedem desculpas por escolas residenciais

Kamloops Indian Residential School

Cole BURSTON | AFP

John Burger - publicado em 27/09/21

O pedido de desculpas vem após as revelações de maus-tratos aos povos nativos do Canadá

A Igreja Católica no Canadá emitiu um pedido formal de desculpas aos Povos Nativos por seu envolvimento com as escolas residenciais administradas pelo governo, as quais tomaram medidas extremas para assimilar os Povos Nativos à sociedade canadense nos séculos XIX e XX.

A questão das escolas residenciais veio à tona no ano passado com as revelações sobre túmulos de estudantes nativos que morreram em algumas das escolas residenciais. As notícias foram seguidas por incêndios supostamente criminosos de várias igrejas católicas.

“Nós, Bispos Católicos do Canadá, reunidos em Plenária esta semana, aproveitamos esta oportunidade para afirmar a vocês, Povos Indígenas desta terra, que reconhecemos o sofrimento vivido nas Escolas Residenciais Indígenas do Canadá”, diz o documento de pedido de desculpas, emitido na sexta-feira pela Conferência Canadense de Bispos Católicos.

Muitas comunidades religiosas e dioceses católicas participaram desse sistema, o que levou à supressão de línguas, cultura e espiritualidade indígenas, deixando de respeitar a rica história, tradições e sabedoria dos povos indígenas. Reconhecemos os graves abusos cometidos por alguns membros da nossa comunidade católica; [abusos] físicos, psicológicos, emocionais, espirituais, culturais e sexuais. Também reconhecemos com pesar o trauma histórico e contínuo e o legado de sofrimento e desafios enfrentados até hoje pelos Povos Indígenas. Juntamente com aquelas entidades católicas que estavam diretamente envolvidas no funcionamento das escolas e que já ofereceram suas próprias sinceras desculpas, nós, Bispos Católicos do Canadá, expressamos nosso profundo pesar e pedimos desculpas sinceramente.

O sistema escolar residencial no Canadá retirava as crianças de suas famílias e as colocava em internatos, muitos deles administradas por organizações religiosas — católicas e não católicas — e as forçava a abandonar sua língua e cultura nativas. Aparentemente, também houve abuso de crianças em algumas escolas. A tuberculose e outras doenças transmissíveis levaram à morte precoce de muitos, mas muitas famílias nunca recuperaram os corpos de seus filhos ou nem sequer foram totalmente informadas sobre o que aconteceu com eles.

Esta semana, a Conferência Episcopal Canadense disse que está “totalmente comprometida com o processo de cura e reconciliação”.

Juntamente com as muitas iniciativas pastorais já em andamento nas dioceses de todo o país, e como mais uma expressão tangível desse compromisso contínuo, estamos nos comprometendo a realizar angariação de fundos em cada região do país para apoiar iniciativas decididas localmente com parceiros indígenas. Além disso, convidamos os Povos Indígenas a caminhar conosco para uma nova era de reconciliação, ajudando-nos em cada uma de nossas dioceses em todo o país a priorizar iniciativas de cura, a ouvir a experiência dos Povos Indígenas, especialmente os sobreviventes das Escolas Residenciais Indígenas, e a educar nosso clero, homens e mulheres consagrados e fiéis leigos, sobre a cultura indígena. Comprometemo-nos a continuar o trabalho de fornecer documentação e registros que poderão ajudar a resgatar a memória daqueles que foram enterrados em sepulturas não marcadas.

A declaração continuou:

Tendo ouvido os pedidos para envolver o Papa Francisco neste processo de reconciliação, uma delegação dos sobreviventes indígenas se reunirá com o Santo Padre em Roma em dezembro de 2021. O Papa Francisco encontrará e ouvirá um grupo de indígenas, para discernir como ele pode apoiar nosso desejo comum de renovar nosso relacionamento e caminhar juntos pelo caminho da esperança nos próximos anos. Comprometemo-nos a trabalhar com a Santa Sé e nossos parceiros indígenas na possibilidade de uma visita pastoral do Papa ao Canadá como parte desse caminho de cura.

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