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Vulcão Cumbre Vieja: lava derruba igreja que fiéis tentavam salvar

Lava derruba igreja de São Pio X em Todoque, La Palma

Frank Vincentz, CC BY-SA 3.0, via Wikimedia Commons

Reportagem local - publicado em 27/09/21

Quando o sacrário foi retirado da capela, o pe. Alberto desabou em pranto

Câmeras da TV Canarias registraram o momento em que o rio de lava do vulcão Cumbre Vieja, na ilha espanhola de La Palma, derruba a igreja que os fiéis locais tentavam salvar já fazia vários dias. Nas imagens, vê-se o momento em que vai abaixo o campanário da ermida de São Pio X, no povoado de Todoque, considerado um forte símbolo da comunidade local.

Bombeiros e autoridades haviam cavado valas ao redor da igreja com máquinas na tentativa de desviar o curso da lava, mas a intensidade da erupção aumentou e os esforços não se mostraram suficientes para conter a sua força.

A lava ameaça agora o cemitério.

Também está em seu trajeto uma rodovia costeira, o que é particularmente preocupante para as autoridades espanholas porque o seu bloqueio dificultaria o abastecimento de outros povoados da ilha.

Felizmente, não há registros de mortos nem feridos pela erupção. Os danos materiais, porém, estão estimados até agora em mais de 20 milhões de euros. Cerca de 500 construções já foram destruídas e mais de 6.000 pessoas precisaram ser evacuadas.

O vulcão Cumbre Vieja se localiza na pequena ilha de La Palma, pertencente ao arquipélago das Canárias, um território espanhol na costa africana. Especialistas calcularam que a erupção poderá prolongar-se durante cerca de três meses.

Lava derruba igreja

No tocante à ermida de São Pio X, o pe. Alberto Hernández, seu paróco, precisou abandoná-la já na primeira noite de erupção. As autoridades municipais, porém, permitiram que ele retornasse na manhã seguinte para tentar salvar o que pudesse, enquanto o fluxo de fogo expelido pelo vulcão já serpenteava nas proximidades.

A prefeitura enviou um caminhão para ajudar a salvar das cinzas o que fosse possível, incluindo imagens sacras, crucifixos, cálices, bancos, paramentos sacerdotais e, evidentemente, o sacrário. E foi justamente quando o sacrário foi retirado da capela que o pe. Alberto desabou em pranto.

Pediu licença para passar alguns minutos finais no interior da capelinha, antes de todos partirem juntos e a deixarem para trás, já vazia. Fez uma última prece na ermida e partiu, novamente entre lágrimas. Os objetos sacros foram guardados em outra paróquia, a de Santo Isidro, fora do perímetro de alcance da lava.

Em paralelo, o sacerdote esteve ligando continuamente aos seus paroquianos para lhes prestar apoio, solidariedade e orações. Dessas conversas, o pe. Alberto declarou constatar, na semana passada, que as pessoas têm clareza da escala objetiva de valores: diante da perda inevitável de bens materiais, conservar a vida é incomparavelmente mais importante.

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