Foi em meados de 1717, nas águas do rio Paraíba que se deu o milagre de Nossa Senhora Aparecida.
Três pescadores foram em busca de alimento, pois o governador da província de São Paulo e Minas Gerais passaria por lá. Num período de escassez e sem sucesso, Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves partiram para a pesca obedecendo às ordens da Câmara de Guaratinguetá. Como numa nova versão da pesca milagrosa, presente no evangelho, os pescadores nada encontraram. Desanimados e preocupados com o que poderia lhes acontecer, perseveraram. E depois de muitas tentativas, a surpresa: preso na rede, veio primeiro o corpo de uma estátua de argila, envelhecida pelas águas. Lançaram novamente a rede, e veio então a cabeça, formando, assim, uma imagem representando Nossa Senhora.
A partir dali os peixes vieram em abundância. Nascia a devoção a Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Para os católicos brasileiros, essa história é contada e recontada. Já virou novela, peça de teatro, filme… alimentou muitas páginas de livros e inspirou muitos devotos por todo o país. Devotos que vem de longe ao santuário da “Mae do céu morena”. Contemplar a imagem milagrosa, agradecer pelas graças alcançadas ou simplesmente entregar seus pedidos, suas dores, seus anseios.
Romaria incessante a Aparecida
Numa romaria incessante, o Brasil inteiro passa diante da imagem: ricos e pobres, brasileiros de todas as cores e sensibilidades. Os que leem, e os que não sabem ler; os que têm muito e os que não tem quase nada. E todos, mesmo se às vezes não sabem nem rezar, lançam para a imagem, que lhes acolhe, apenas um olhar cheio de esperança. Como nos canta de maneira tão poética, Elis Regina, na canção Romaria: “como eu não sei rezar, só queria mostrar meu olhar, meu olhar, meu olhar.”
Dia 12 de outubro, o Brasil celebra mais uma vez a solenidade de Nossa Senhora Aparecida. Mais uma vez vamos relembrar a história dos três pescadores e tantas outras que nos inspiram. Hoje, não navegamos sobre o rio Paraíba. Mas atravessamos uma tempestade na qual os mais frágeis são os mais excluídos. Não se tem peixe nas mesas de todos os brasileiros, não se tem trabalho para tantos que necessitam. A desigualdade ainda se faz presente. O que podemos então fazer? Podemos confiar nosso país de maneira ainda mais especial à intercessão daquela que é sinal de esperança para todo um povo. Confiar o país à intercessão de Maria é entrar num caminho de conversão.
Aparecida: sinal de esperança
Em 1717 todo um vilarejo foi testemunha da visita do céu à terra. A esperança de cada um foi renovada em torno da devoção para com a mãe de Deus. O que podemos trazer para nós, hoje? Todo um país precisa renovar sua esperança na vida, no futuro, em si. E o milagre acontecido no rio Paraíba pode acontecer novamente. Como? Se o Evangelho for colocado no centro de nossas vidas. Se cada um dos discípulos de Cristo que somos tentar viver a partilha, o dom de si e o amor ao próximo. Não foi isso que o encontro da imagem de Nossa Senhora inspirou? A vivência do Evangelho no coração do cotidiano?
Somos cristãos, discípulos daquele que é sinal de vida e esperança. Ele nos chama a estender a mão, a “lançar a rede” em busca do pão. E o que deve mover nossa busca é a partilha com os mais pobres, os necessitados, os excluídos. E, se olharmos bem, cada um de nós traz em sim uma pobreza que o torna necessitado e excluído. Somos chamados então a lançar nossas redes no coração do mundo, a enfrentar a tempestade juntos, a acolher o outro.
Novena
Com confiança, recorramos, então, à intercessão de Nossa Senhora Aparecida. Ela conhece todas as nossas necessidades! Participe e reze comigo, com a Comunidade Canção Nova e todos os inscritos da rede social de oração Hozana a bela novena de Nossa Senhora Aparecida (clique aqui para rezar).
De fato, há mais de três séculos Nossa Senhora Aparecida é sinal de esperança para o povo brasileiro. Sinal de que Deus não abandona os seus. Mas ela é também um convite para que cada um de seus devotos lance a rede, doe-se e entregue-se ao serviço do próximo. Pois assim nos ensinou seu filho, lavando os pés de seus discípulos, morrendo na cruz por cada um para nos introduzir na esperança da ressurreição.
Nossa Senhora Aparecida, rogai por nós, pobres pecadores. Para que nos tornemos pescadores da Esperança.
Padre Emmanuel Albuquerque, pelo Hozana
