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O corpo glorioso, um presente divino

RESURRECTION

Tanya Sid|Shutterstock

Vanderlei de Lima - publicado em 10/10/21

No Novo Testamento, a ressurreição corporal de Nosso Senhor é o alicerce do Cristianismo

No Credo apostólico, professamos crer na “ressurreição da carne”. Daí a questão: que significa essa verdade de fé? – É a este tema que dedicamos o presente artigo.

Importa, desde logo, notar que, já nos primeiros livros do Antigo Testamento, há relatos sobre o respeito aos corpos dos falecidos a receberem sepultura digna (cf. Gn 25,8-10; 47,29-30; 49,29-33). Entretanto, é nos livros mais próximos da vinda de Cristo, que Deus, qual divino Pedagogo, revela a doutrina da ressurreição dos mortos (cf. Dn 12,2-3; 2Mc 7). 

Novo Testamento

No Novo Testamento, a ressurreição corporal de Nosso Senhor é o alicerce do Cristianismo (cf. At 17,18-32; 26,8.23). Mais: se Cristo não tivesse ressuscitado, nossa fé seria vã (1Cor 15,13.17), mas Ele, que é a própria ressurreição e a vida (cf. Jo 11,25), ressuscitou (cf. Mc 16,1-8; At 13,30) e nos fará ressurgir com Ele (cf. Jo 5,29; Hb 2,10). Em São Paulo, também encontramos, de modo muito enfático, a doutrina da ressurreição dos corpos (cf. 1Cor 15,12-14.20-22.29-30.42-49; Fl 3,10-11.20-21; Rm 6,5; 8,11; 2Cor 4,10-11) no dia final (cf. 1Cor 15,23; 2Cor 5,1-3; 1Ts 4,16).

Tradição

A Tradição propõe muitos ensinamentos sobre a ressurreição do corpo. Fiquemos, por ora, com o que diz São Gregório de Nissa († 395): “Pela unidade da natureza divina, que permanece presente em cada uma das duas partes do homem (corpo e alma), estas se unem novamente. Assim, a morte se produz pela separação do composto humano e a ressurreição pela união das duas partes separadas” (Da Ressurreição, 1). Por isso, o Magistério da Igreja sempre ensinou sem reservas a doutrina da ressurreição da carne (cf. Justo Collantes, SJ. La fe de la Iglesia Católica: las ideas y los hombres en los documentos doctrinales del Magisterio. Madri: BAC, 1983, p. 806-812).

Teologia

Afirmemos, com a Teologia, que: 1) a razão natural nada pode dizer sobre o tema da ressurreição dos corpos, pois este é de ordem sobrenatural e exige uma intervenção milagrosa de Deus para ressuscitar a cada ser humano, ainda que seja justo o corpo – instrumental da alma neste mundo – participar com ela da glória definitiva (cf. Bernard Sesboüé, SJ, et al. O homem e sua salvação: séculos V – XVII. 3ª ed. São Paulo: Loyola, 2013, p. 381-382). 2) é de fé, segundo o IV Concílio de Latrão, que todos ressuscitarão “com o corpo que têm agora” (Bernardo Bartmann. Teologia dogmática. vol. 3. São Paulo: Paulinas, 1962, p. 470).

Óbvio! Se não ressuscitássemos com o mesmo corpo, já não haveria ressurreição, mas criação de um novo ser humano diferente daquele que, de fato, historicamente fomos. Todavia, importa dizer que, embora seja o mesmo corpo, terá características diferentes, pois, apesar da identidade essencial com o corpo atual, será um corpo glorificado, transformado (cf. 1Cor 15,12-58). Tanto isso é verdade que Nosso Senhor, tendo ressuscitado em sua própria carne, demorava ser reconhecido pelos seus (cf. Jo 20,15; 21,4; Lc 24,13-35). Já os réprobos também ressuscitarão incorruptíveis e imortais, mas não glorificados. 3) para a ressurreição não é necessário que Deus junte a matéria decomposta do corpo inerte, basta que lhe devolva a alma (a forma do corpo). 4) O corpo ressuscitado será íntegro (sem os defeitos terrenos). Cf. Dom Estêvão Bettencourt, OSB. Curso de Escatologia. Rio de Janeiro: Mater Ecclesiae, 1993, p. 153-156.

4 características

O corpo glorioso terá quatro características. Será: impassível: não sujeito a mal algum (cf. Ap 7,16; 21,4; Lc 20,36); sutil: assim como é o corpo glorioso de Cristo (cf. Jo 20,19.26), não sujeito aos limites da matéria; ágil: rápido demais, pois obedece ao espírito em todas as suas atividades, como Nosso Senhor que, depois da ressurreição, aparece e some rapidamente (cf. Lc 24,31) e claro: esplendoroso, brilhante, segundo a promessa divina (cf. Mt 13,43; 17,2; At 9,3). Tal grau de claridade, no entanto, será maior em uns e menor em outros (cf. 1Cor 15,41-42). Daqui se deduz a auréola dos santos (cf. Ap 4,4; Gustavo A. Solimeo; Luiz S. Solimeo. O céu, esperança de nossas almas. São Paulo: Artpress, 2004, p. 112-117). 

Esclarecidos por tudo o que foi apresentado, professemos, cada vez mais convictos, o nosso “Creio na ressurreição da carne”!

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