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Talibã retoma amputações e execuções: “cortar as mãos é muito necessário”

Talibãs

Wandel Guides | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 14/10/21

"Ninguém nos dirá como as nossas leis deveriam ser. Nós seguiremos o islã e faremos as nossas leis com base no alcorão"

O grupo fundamentalista islâmico Talibã, que retomou o poder no Afeganistão vinte anos após ter sido derrubado pelas forças norte-americanas que fracassaram em democratizar o país, confirmou a retomada das amputações e execuções públicas que caracterizaram o seu primeiro período de controle do território, entre 1996 e 2001. Para os fanáticos do bando extremista, a prática se ampara numa interpretação estrita da lei islâmica.

Ministro das Prisões, o mulá Nooruddin Turabi, que é um dos fundadores da milícia talibã, declarou à agência Associated Press:

“Cortar as mãos é muito necessário para a segurança. Ninguém nos dirá como as nossas leis deveriam ser. Nós seguiremos o islã e faremos as nossas leis com base no alcorão”.

Talibã retoma amputações e execuções

O porta-voz talibã Zabihullah Mujahid reforçou que o autoproclamado Emirado Islâmico do Afeganistão só terá leis que “obrigatoriamente estejam de acordo com a sharia”.

Segundo o porta-voz, o regime implementará políticas específicas a respeito das execuções, mas é possível formular uma ideia com base no que o grupo já fez em seu primeiro “governo”. Até 2001, os condenados por assassinato, por exemplo, eram executados publicamente com um tiro na cabeça disparado por um familiar da vítima. Os acusados de roubo sofriam a amputação de uma das mãos. Os assaltantes em rodovias também tinham a mão ou um pé decepados. No geral, as execuções ocorriam em praça pública ou em estádios lotados, visando assustar a população e deixá-la avisada sobre o que acontecerá com os próximos que saírem dos trilhos.

Retórica de indignação no Ocidente

Ned Price, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, reagiu com alegada indignação às declarações do mulá Turabi sobre amputações e execuções:

“Constituiriam claros e indecentes abusos dos direitos humanos. Permanecemos firmes com a comunidade internacional para responsabilizar os perpetradores desses abusos”.

Kenneth Roth, diretor executivo do grupo Human Rights Watch, também se declarou indignado com as ações do Talibã, que, apesar da retórica de mudança, vem se comprovando “o mesmo de antes”: além de restaurarem as suas severas restrições às liberdades civis, os fanáticos têm retomado as execuções sumárias, a perseguição aos cidadãos que colaboraram com o antigo governo e a prisão e espancamento de jornalistas que cobriram protestos contra o bando. Roth pediu que a ONU e a União Europeia ajam para evitar as atrocidades no Afeganistão – mas, pelo visto, terá que pedir sentado.

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