No final do século 18, quando a Igreja Nossa Senhora da Consolação e São João Batista foi construída, os limites municipais de São Paulo ainda se restringiam à área que hoje forma o Centro da capital.
Ainda uma capela, foi erguida em uma via esburacada e pantanosa que era chamada Caminho dos Pinheiros, onde hoje fica a rua da Consolação, que atravessa o distrito de mesmo nome.
Mais especificamente, ela foi construída em 1799 no local onde atualmente está o Cemitério da Consolação, e existe um motivo para a paróquia ter cedido o espaço ao sepultamento de finados e sido transferida para o seu endereço atual, no número 585 da rua Consolação, com os fundos para a praça Roosevelt.
Abrigo de enfermos
Além da orientação espiritual dos fiéis, a capela logo revelou sua vocação para cuidar de pessoas em situação de necessidade.
Tanto que, na metade do século 19, formou-se a Associação Nossa Senhora da Consolação e São João Batista com o propósito de cuidar do templo, nessa época já uma paróquia com instalações maiores e mais sólidas, e de dar assistência à comunidade.
Durante as epidemias de cólera e doença de Hansen, o templo sagrado tornou-se abrigo para os enfermos, não se abstendo de enterrar as vítimas fatais em seu interior, como era comum entre as igrejas da época.
Já criticada por higienistas, a prática foi tema de debate da Câmara Municipal e no final do século 19 foi decretado que o terreno da paróquia cederia espaço ao Cemitério da Consolação e que a igreja seria reconstruída em seu endereço atual.
Bênção dos viajantes
Onde hoje é a praça Roosevelt, no começo do século 19 começava uma estrada de terra usada por latifundiários e barões de café, sobre cavalos ou a bordo de carruagens, que ia parar em Sorocaba.
Com o destino a cerca de 100 km da capital, a viagem podia levar dias e oferecia perigos naturais, como inundações e desmoronamentos, e deixava o viajante suscetível a saqueadores.
Muitos fiéis se sentiam mais seguros recebendo uma bênção – ou um consolo – antes de pegar estrada. De modo que a igreja foi informalmente chamada de Consolação.
Um padre agostiniano parou para participar de uma missa antes de seguir para o interior e deixou sobre o banco a escultura de madeira com a imagem de Nossa Senhora da Consolação que deu o nome oficial à igreja – e depois o cemitério, a rua e o bairro.
Depois de transferido para o Pátio do Colégio, então principal igreja da cidade, o artefato hoje pode ser admirado no Museu de Arte Sacra de São Paulo.