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Grupos pró-aborto querem dinheiro para “combater as mudanças climáticas” com… abortos!

Ivorian Women Receive Prenatal Consultations

UN Photo/Hien Macline

Francisco Vêneto - publicado em 27/10/21

Sempre "criativos" na narrativa e nos malabarismos ideológicos, eles alegam que o aborto contribuirá para reduzir o aquecimento global (!)

Sempre “criativos” na sua narrativa e nos malabarismos ideológicos para forçar a realidade a se amoldar à sua visão impositiva de mundo, diversos grupos pró-aborto querem dinheiro supostamente destinado à assim chamada “causa do combate às mudanças climáticas”: eles alegam, basicamente, que o aborto contribuirá para combater o aquecimento global.

Que é preciso tomar medidas sérias e objetivas para combater as ameaças climáticas é um fato notório, demonstrado e reiterado por cada estiagem, inundação, aumento no rigor de verões e invernos, proliferação de incêndios florestais, aceleração no derretimento das camadas de gelo nos pólos e nos picos das cordilheiras e um longo etcétera.

Daí a vincular estes desafios com um sem-fim de oportunismos, porém, a distância também deveria ser evidente.

Os oportunismos, como sugere a palavra, são deturpações das oportunidades. E a oportunidade do momento é que, de 1º a 12 de novembro, a cidade escocesa de Glasgow sediará a COP26, conferência anual da ONU sobre as alterações climáticas. Mais “oportuno” ainda: o Reino Unido pretende destinar cerca de 11,6 bilhões de libras esterlinas a iniciativas que protejam a humanidade dos efeitos das mudanças no clima da Terra.

Com essas informações na ponta do lápis, um grupo de cerca de 60 organizações pró-aborto escreveu a Alok Sharma, presidente da COP26, pedindo que o Reino Unido modifique os critérios de concessão de financiamento climático para encaixar nesse “conceito” também os projetos relacionados com a assim chamada “saúde reprodutiva”. Ou seja, querem abocanhar uma parte do polpudo “dinheiro do clima” para financiar o aborto no mundo.

Aborto e mudanças climáticas

E qual é a lógica de relacionar essas peras com essas maçãs?

A “lógica” é a mesma que desmente a biologia para mentir que um ser humano em seus primeiros estágios de desenvolvimento não é um ser humano em seus primeiros estágios de desenvolvimento. É também a mesma “lógica” que promove o sexo livre e sem compromisso por um lado e, por outro, advoga por um “planejamento familiar” baseado não em planejar uma família, mas em exterminar um filho que já foi evitavelmente concebido graças ao sexo livre e sem compromisso.

Em suma, não há que se esperar muita “lógica” de quem defende assassinar seres humanos sistematicamente para… proteger os direitos humanos.

As alegações dos defensores do “direito ao aborto” na hora de vinculá-lo às mudanças climáticas são genéricas.

Por exemplo, Bethan Cobley, da organização pró-aborto MSI Reproductive Choices (ex-Marie Stopes International), afirma: “O que [as comunidades afetadas pelas mudanças climáticas] verdadeiramente querem é o acesso a cuidados de saúde reprodutiva, para poderem escolher quando ou se ter filhos”.

Além de questionar de onde teria vindo a informação de que é mesmo isto o que essas comunidades “verdadeiramente querem”, cabe perguntar também: se o objetivo fosse mesmo garantir que as pessoas escolham quando e se querem ter filhos, não seria mais inteligente, seguro, barato, efetivo e resolutivo que elas recebessem ajuda para fazer essa escolha ANTES de conceberem o filho?

Numa “lógica” semelhante, Susannah Mayhew, da London School of Hygiene & Tropical Medicine, acrescenta outra “argumentação” genérica: “As pessoas que foram afetadas pelas mudanças climáticas e que têm pouco acesso a serviços de saúde de qualidade compreendem esta ligação muito mais do que nós”.

Bom, certamente “nós” não compreendemos qual é a ligação entre financiar maciçamente o aborto e solucionar o aquecimento global. Se a “lógica” é a mesma dos adeptos do malthusianismo catastrofista como suposta ciência para promover a eugenia e a redução seletiva da população, cabe perguntar por que o aborto massivo seria uma “solução” mais educativa, mais sustentável e mais recomendável física e psicologicamente do que investir em educação primária, por exemplo. Como quer que seja, seria o caso de, pelo menos, ouvirmos diretamente “as pessoas que foram afetadas pelas mudanças climáticas” em vez dos supostos “porta-vozes” que pretendem falar por elas.

O que dizem os reais afetados pela pobreza na África?

O problema para esses “porta-vozes” é que, quando o “lugar de fala” é passado deles para, por exemplo, um cidadão africano, pode ser que a narrativa da militância ocidental pró-aborto passe por apertos constrangedores.

É isto o que acontece quando ouvimos a nigeriana Obinuju Ekeocha, fundadora e presidente da Culture of Life Africa:

“Se falamos de aborto… Bom, eu acho que nenhum país ocidental tem o direito de financiar abortos num país africano, especialmente quando a maioria das pessoas não quer o aborto. Isto seria uma forma de colonização ideológica”.

A mesma Ekeocha observou que os bonitamente denominados “programas de planeamento familiar” de certas organizações multinacionais enviam à África cerca de 2 bilhões de preservativos por ano, gastando nisso 17 milhões de dólares. Para ela, o dinheiro poderia ser destinado a priorizar o acesso a comida, água potável, educação e… saúde.

Obianuju Ekeocha, que é carinhosamente chamada pelos amigos de Uju, se tornou conhecida mundialmente em 2017 graças a uma jornalista da BBC que se mostrou ferrenhamente militante da causa pró-aborto com base em narrativas falsas sobre a suposta “necessidade” das mulheres africanas de abortar para sair da pobreza (!) Uju detonou a entrevistadora – que agia como se fosse ela própria a entrevistada, já que mal a deixava responder às suas perguntas enviesadas.

“A minha salvação da pobreza foi a educação, não a contracepção. E há muitas outras mulheres que caminharam pelo mesmo caminho que eu, sem terem que recorrer à contracepção fornecida pelo governo britânico ou pelo governo dos Estados Unidos”.

Uju continuou desmascarando a manipulação ideológica das imposições genéricas da “entrevistadora”, que, num panfletarismo unilateral e impositivo, afirmava ser “um fato” que “centenas de milhões de mulheres não têm acesso à contracepção e deveriam ter”. Uju respondeu:

“Você está dizendo ‘deveriam’, mas quem é você para decidir se você nem se importa com o que eu digo? Não existe uma demanda popular. Eu nasci na África, cresci na África e vou lá várias vezes por ano. Você pode falar com qualquer mulher africana. Acho que a contracepção poderia ser a décima coisa que ela gostaria de ter”.

Uju também escancarou que os ideólogos pró-aborto escondem informação crucial quando tentam impor a sua agenda a todo custo:

“Durante toda esta conversa sobre a contracepção, a única coisa que eu nunca ouvi falar é sobre os seus efeitos colaterais. Ninguém diz isso às mulheres africanas quando promovem a contracepção”.

A defensora dos verdadeiros direitos das mulheres africanas relatou então que ela própria teve de consolar muitas delas após terem sido induzidas a usar dispositivos intrauterinos sem informação sobre os efeitos colaterais:

“Essas mulheres estavam chorando. Ninguém nunca tinha contado a elas sobre os efeitos colaterais terríveis dos anticoncepcionais. Mas alguém de uma organização ocidental foi lá, implantou nelas esse dispositivo intrauterino e declarou: ‘É disto que você precisa para sair da pobreza'”.

A falácia das pseudoargumentações abortistas continuaram a ser derrubadas pela mulher nigeriana. Confira você mesmo:

Mudanças climáticas como pretexto para promover o aborto

Apesar dos fatos, o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) também passou a adotar as mudanças climáticas como pretexto para justificar o aborto no mundo todo.

Na sanha por “embasar” absurdos, o seu criativo documento “Cinco maneiras pelas quais a mudança climática prejudica mulheres e meninas” chega a dar um tiro no pé ao confessar o que aconteceu em 2019 no Malauí, país africano paupérrimo que foi devastado pelo ciclone Idai. O documento traz o testemunho do dr. Treazer Masauli, do Hospital Distrital de Mangochi: “Tivemos que usar um helicóptero para chegar a áreas inacessíveis por terra e fornecer serviços de saúde sexual e reprodutiva, como preservativos, método de planejamento familiar e prevenção do HIV e doenças sexualmente transmissíveis”.

Ou seja: socorristas de helicóptero foram distribuir camisinha a pessoas que acabavam de sofrer um ciclone devastador e que, portanto, estavam sem teto, sem comida, sem água, feridas e com familiares mortos. Em que planeta a primeira necessidade dessas pessoas eram preservativos e pílulas abortivas?

Mais tergiversações para forçar um vínculo entre mudanças climáticas e “necessidade” do aborto

Sem o menor pudor, o mesmo documento do UNFPA prossegue: “As colheitas perdidas devido às mudanças climáticas também podem afetar a saúde sexual e reprodutiva. Um estudo registrou que, após um choque como a insegurança alimentar, mulheres tanzanianas que trabalhavam na agricultura recorreram ao comércio do sexo para sobreviver, o que contribuiu para taxas mais altas de infecção por HIV/Aids”.

Ou seja: segundo a ONU, as mulheres que perderam toda a colheita por causas que, sempre segundo a ONU, decorrem preponderantemente da mudança climática, vão virar prostitutas ou escravas sexuais e, portanto, não precisam de recursos inteligentes e eficazes para voltar a trabalhar, mas sim de aborto e contraceptivos para poderem prostituir-se e ser traficadas com mais segurança.

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