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Igreja investiga 12 bispos do México por acobertar abusos sexuais

Bispos

M.MIGLIORATO/CPP/CIRIC

Francisco Vêneto - publicado em 03/11/21

"Passos importantes foram dados", mas ainda é necessária "maior clareza e transparência na atitude de tolerância zero", afirma o núncio

A Igreja está investigando pelo menos 12 bispos do México, acusados de acobertar abusos sexuais perpetrados por padres e religiosos sob a sua autoridade.

A notícia sobre as investigações em andamento foi confirmada por dom Franco Coppola, núncio apostólico no país. Não se trata de uma investigação em fase única: alguns casos continuam sendo averiguados no próprio México, ao passo que outros já foram encaminhados diretamente à Santa Sé.

As diretrizes para que toda acusação de abuso sexual seja minuciosamente investigada foram reforçadas pelo Papa Francisco em diversas ocasiões, chegando a ser formalizadas em documentos oficiais da Santa Sé como “Vos estis lux mundi“, de 2019, e “Como uma mãe amorosa“, de 2016. Ambos os documentos determinam responsabilidades dos bispos e arcebispos no tocante a investigar as denúncias de abusos sexuais que atingem clérigos da sua circunscrição eclesiástica.

Em declarações à agência de notícias ACI Prensa, dom Franco Coppola enfatizou que “todas as denúncias recebidas estão sendo acompanhadas” e acrescentou que, no México, “passos importantes foram dados” no combate ao câncer do abuso sexual, mas ainda é necessária “maior clareza e transparência na atitude de tolerância zero”, inclusive para com quem se prestou a acobertar abusos sexuais de terceiros.

Ele reconheceu, além disso, que é preciso garantir a “justa reparação pelos danos” que as vítimas sofreram.

Núncio apostólico no México desde 2016, dom Franco Coppola relata que tem havido grandes avanços institucionais na luta contra o abuso sexual perpetrado por bandidos de batina, o que inclui melhoras nas investigações e punições e também nos protocolos de prevenção.

Ele acrescenta que os seminários também aprimoraram os cuidados na hora de admitir candidatos e prepará-los para o sacerdócio, a fim de que os padres “sejam verdadeiros pastores segundo o coração de Jesus e não pessoas com problemas psicoafetivos não resolvidos”. A este respeito, o núncio considera que, entre os fatores que podem levar um clérigo a cometer o crime do abuso sexual, está o “grave problema de desenvolvimento da personalidade do agressor, que busca relações assimétricas, não de amor, mas de poder”. Esse problema, complementa ele, “é incompatível com o exercício do ministério sacerdotal”.

Dom Franco, desde 2019, se colocou pessoalmente à disposição de qualquer pessoa que deseje denunciar casos de abusos na Igreja. Ele também mantém contato com especialistas no assunto, a fim de entender e ajudar a tratar o que descreve como “danos cerebrais e psicológicos” observados em muitas das vítimas, “às vezes pela vida toda”.

O núncio admite que “havia em anos anteriores certa superficialidade e desconhecimento das graves e duradouras consequências destes abusos” e que, para encarar o problema de frente, é preciso “formar e informar o nosso povo, os agentes pastorais e todas as pessoas comprometidas com a Igreja”. E aprofunda: “temos que cuidar muito mais e melhor da formação humana e espiritual, que é a formação do coração”. O exemplo, ressalta ele, é “o próprio Jesus, na sua forma de olhar, de agir, de estar presente com os demais, dando vida em vez de roubá-la”.

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