Segundo ex-membro, seita usa catástrofe para vender suas "soluções salvadoras" na forma de programas e livros de autoajuda
O jornal El Español noticiou que membros de seita norte-americana Igreja da Cientologia estariam agindo entre as vítimas do vulcão em La Palma, no arquipélago das Canárias. Segundo a publicação, um ex-membro da seita afirmou à reportagem que a Cientologia utilizaria crises humanitárias e catástrofes naturais para filmar as tragédias e usar os vídeos para fins de manipulação dos próprios membros.
Na matéria, o ex-participante da seita foi identificado apenas como Andrés, alegando querer evitar represálias, e declarou ao jornal espanhol ter participado do grupo durante 10 anos.
De acordo com Andrés, a Cientologia apresenta o propósito de “salvar o mundo” e, entre os meios para tal fim, oferece cursos baratos de auto-estima; pouco a pouco, porém, passa a cobrar cada vez mais dinheiro pelas formações oferecidas e leva os membros a trabalharem para o grupo. “Finalmente, destroem a sua autonomia”, acrescentou Andrés.
Os membros da seita, uniformizados em camisetas amarelas, não se identificaram no primeiro momento como cientologistas, mas como voluntários em ação humanitária entre a população afetada pela erupção do vulcão Cumbre Vieja.
Segundo Andrés, porém, eles têm entre os objetivos principais da sua visita à ilha fazer vídeos da situação de catástrofe e depois apresentar as imagens aos membros da organização para “comprovar” a grave situação do planeta e incutir-lhes maior sensação de vulnerabilidade. Nesse contexto, a seita aproveitaria para vender as suas “soluções salvadoras” na forma de mais programas e livros de autoajuda. A longa erupção do vulcão em La Palma representaria, portanto, uma oportunidade excepcional para a estratégia do grupo.
O ex-membro reforça, segundo a matéria de El Español, que a seita procura manter os seus membros sob contínuo controle e manipulação. Ele acrescenta que o grupo, apesar do nome, adota posturas de negação em relação à ciência, preferindo discursos catastrofistas para manter os membros mais suscetíveis ao seu poder de influência psicológica.