A paz do mosteiro trapista de Nossa Senhora do Atlas, a 60 quilômetros da capital da Argélia, foi violentamente despedaçada em 26 de março de 1996 pelo sequestro e martírio dos monges da comunidade – todos os sete.
Somente dois meses depois do atentado é que foram achadas as suas cabeças decapitadas, nas proximidades de Medeia.
O martírio dos monges
Na sua alocução após a oração do Regina Coeli de 26 de maio de 1996, o então pontífice reinante São João Paulo II falou sobre a tragédia:
“A celebração hodierna da Solenidade de Pentecostes é entristecida pela trágica notícia da morte de sete monges da trapa de Notre-Dame d’Atlas, na Argélia, o último de uma série de deploráveis episódios de violência que há muito perturbam a vida da nação argelina, sem poupar nossos irmãos católicos. Não obstante a nossa profunda dor, damos graças a Deus pelo testemunho do amor dado por aqueles religiosos. Sua fidelidade e coerência honram a Igreja e certamente serão um germe de reconciliação e de paz para o povo argelino, com o qual se fizeram solidários”.
Os sete monges de Tibhirine, martirizados depois de passarem semanas no terror do cativeiro, foram beatificados em Oran, junto com outros doze mártires da Argélia, no dia 8 de dezembro de 2018, na Igreja de Nossa Senhora da Santa Cruz.
Encontro em Roma
Passados 25 anos do seu martírio, um encontro internacional foi agendado em Roma para os dias 3 e 4 de dezembro, a fim de recordar os testemunhos de quem conheceu aqueles monges.
O primeiro dia do evento é reservado a estudantes e visando sensibilizar a comunidade acadêmica para o legado espiritual dos mártires. No segundo dia, aberto a um público mais amplo, será discutida a experiência vivida pelos monges e a divulgação da sua mensagem. Os organizadores do encontro são a Association pour la Protection des Écrits des Sept de l’Atlas e o Comitê Científico dos Escritos de Tibhirine, em parceria com o Pontifício Ateneu Santo Anselmo, com o apoio da Fondation des Monastères e com o patrocínio do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso.
Os mártires
Os 7 mártires de Tibhirine são os monges:
- Christian de Chergé
- Luc Dochier
- Christophe Lebreton
- Michel Fleury
- Bruno Lemarchand
- Célestin Ringeard
- Paul Favre-Miville.
O martírio dos monges nas telas do cinema
O cineasta Xavier Beauvois transformou o testemunho de martírio dos sete monges de Tibhirine no elogiado filme “Homens e Deuses“, que reflete a consistência da vocação pessoal dos monges, bem como a sua oração, suas dúvidas e suas decisões; a presença de Cristo entre os pobres e o Seu sinal de diálogo e perdão para a humanidade; o discernimento comunitário, difícil, doloroso e ao mesmo tempo alegre, sintetizado magistralmente na última cena, que mostra a passagem da dúvida e do medo à entrega e à paz.