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Índia: Justiça vai reavaliar acusação de terrorismo contra padre

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CC BY-SA 4.0 I Khetfield59 - Own work

Père Stan Swamy.

Reportagem local - publicado em 30/11/21

O padre Stan Swamy, jesuíta, que faleceu a 5 de Julho deste ano, aos 84 anos, havia sido acusado de terrorismo e conspiração

O Supremo Tribunal de Bombaim, na Índia, aceitou abrir um novo processo relacionado com as acusações de terrorismo que levaram o Padre Stan Swamy, de 84 anos de idade, a passar longos meses na cadeia.

O Padre Swamy, sj, faleceu a 5 de Julho deste ano, após ter sido internado no hospital da Sagrada Família, também na cidade de Bombaim, na sequência do agravamento do seu estado de saúde.

Acusado

Conhecido pela forma empenhada como lutou pelos direitos dos povos tribais no estado de Jharkhand, o sacerdote estava preso desde o dia 8 de Outubro do ano passado, acusado pelas autoridades de terrorismo e de conspiração contra o governo, o que sempre desmentiu de forma categórica.

Para se repor a verdade sobre a sua vida, a comunidade jesuíta solicitou ao Supremo Tribunal de Bombaim que reavaliasse o caso, tanto mais que o Padre Stan aguardava, quando morreu, a decisão das autoridades judiciais a um requerimento para a sua libertação sob fiança, pedido que fora negada anteriormente por algumas vezes.

Novo processo

Agora, com a abertura de um novo processo sobre o Padre Stan Swamy, procura-se repor a inocência deste sacerdote que dedicou a sua vida na defesa das populações mais pobres da Índia, em especial dos ‘dalits’, os que, no complexo sistema de castas, são olhados pela sociedade como não tendo quaisquer direitos.

A Fundação AIS acompanhou desde sempre a luta do Padre Stan e a batalha jurídica que travou até ao último dia da sua vida. “Perdemos um defensor destemido dos pobres e um sacerdote católico inspirador.” Foi assim que Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internacional da Fundação AIS, comentou a notícia do falecimento, a 5 de Julho deste ano, do Padre Stan Swamy.

Sofrimento

O seu estado de saúde vinha a deteriorar-se depois de ter contraído na prisão o Covid19, o que levou as autoridades a autorizarem o seu internamento hospitalar a 28 de Maio, concedendo-lhe para isso uma “liberdade temporária”, mas negando-lhe, como reclamava, a libertação sob fiança. “É inimaginável o sofrimento por que passou nos últimos meses de vida”, disse ainda Thomas Heine-Geldern, num depoimento divulgado então desde a sede internacional da Fundação AIS na Alemanha.

Desde o momento da sua prisão, a 8 de Outubro do ano passado, que se desencadeou um enorme protesto a nível internacional, com personalidades e organizações de defesa dos direitos humanos a exigirem a sua libertação imediata. Foi o caso da Fundação AIS. “Sabemos, através dos nossos parceiros de projecto – explicou ainda Heine-Geldern – que muitas vezes são feitas falsas acusações” contra aqueles que assumem as defesas das populações tribais, “procurando a intimidação e o fim desse trabalho em nome das minorias étnicas e dos ‘dalits’, ou intocáveis.”

Libertação

Já no início de Dezembro do ano passado, Thomas Heine-Geldern, presidente executivo internacional da Ajuda à Igreja que Sofre fizera um apelo às autoridades indianas para a libertação do sacerdote jesuíta, sublinhando o seu trabalho exemplar ao longo “dos últimos 40 anos” com as tribos indígenas.

O responsável da Fundação AIS lembrou então, num comunicado também emitido desde a sede internacional da instituição, em Königstein, na Alemanha, que o “único crime” do Padre Stan havia sido o de “exigir justiça e denunciar os abusos” que estas populações tribais “sofreram na sua região”.

Outros casos

Heine-Geldern afirmou ainda que o caso deste sacerdote “é apenas a ponta do icebergue”, pois haverá “outros casos de padres e catequistas” que foram também “injustamente acusados com o objectivo de espalhar o medo e de intimidar” os que têm trabalhado com as populações tribais.

A morte do Padre Stan vem dar relevo aos receios do crescimento de sectores que defendem o nacionalismo hindu na Índia. Uma tendência que vem referida no mais recente Relatório sobre Liberdade Religiosa no Mundo, publicado pela Fundação AIS em Abril, e que, lembra Thomas Heine-Geldern, “procura forçar outras religiões, como o cristianismo, a sair da Índia e a suprimir as vozes cristãs no país”.

(Com AIS)

Tags:
PerseguiçãoPobrezaReligiosos
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