O Caminho de Santiago de Compostela foi uma trilha de renovação e cura diante da dor pela perda da mãe
Esta história é como um pequeno facho de luz. Não é um testemunho dramático — nada extraordinário ou surpreendente — mas é repleta do sentimento mais puro. É a história de como uma italiana de 25 anos, chamada Carolina, fez o Caminho de Santiago para superar a dor do luto após perder sua mãe.
Caminho de renovação
Carolina escreveu no grupo público do Facebook Camino di Santiago: “Eu estava ‘morta’ até então, mas a minha caminhada me trouxe de volta à vida.”
Em agosto, Carolina decidiu fazer a peregrinação a Santiago. Era o primeiro aniversário da morte de sua mãe.
Ela escreveu no Facebook:
Acordei em 1o de agosto e disse: “Eu tenho que fazer o Caminho de Santiago!” Abri o aplicativo Ryanair e reservei minha partida para domingo, 12 de setembro, e meu retorno na sexta-feira, 17 de setembro, logo durante a única semana de férias que tive. (…) Tenho vinte e cinco anos e estou sem mãe há exatamente um ano, desde 13 de setembro de 2020, e um ano depois, 13 de setembro de 2021 foi meu primeiro dia de caminhada.
Aqueles que partem na jornada carregam esperança em seu coração
Perder a mãe, para uma jovem, significa um tipo particular de solidão. De repente, ela se viu só, já crescida, mas sentindo-se abandonada.
O Papa Francisco disse uma vez que “uma cristã sem Nossa Senhora é órfã”. Eu gostaria de poder dizer a Carolina que ela não está realmente sem mãe, já que Maria é a mãe de todos nós.
Mas este é o aspecto que mais me impressiona: em vez de deixar o luto sufocá-la, de se fechar em sua casa, Carolina começou uma jornada.
A peregrinação sempre alimenta o fogo interior, mesmo que nosso ânimo esteja fragilizado. Um peregrino(a) é alguém que têm esperança. Caminhar nos leva a olhar para frente, a perceber a vista e a natureza, a conhecer outras pessoas — mas acima de tudo conhecer a si mesmo.
“Agora eu entendo o amor que me cerca”
Carolina escreveu no Facebook:
Ausências não se tornam presenças, a dor nunca desaparecerá e algumas perguntas ficam sem resposta, mas sei que fazer o Caminho foi o gesto MAIS PURO e AMOROSO que já fiz em relação a mim mesma… Quando sofremos, muitas vezes ficamos com raiva porque os outros não sabem como nos ajudar. Mas isso é um erro: devemos primeiro nos encontrar para obter ajuda para nós mesmos; para entender o amor que nos cerca, devemos primeiro perceber que estamos “vivos”. Eu estava “morta” até então, mas a minha caminhada me trouxe de volta à vida. Agora eu entendo o amor que me cerca, só porque eu busquei e me encontrei.

O Caminho de Santiago e a superação da dor
Ela continua:
Esta é a minha experiência; é esse pouco que posso compartilhar. Eu não sou uma heroína. Eu não fiz nada de extraordinário, exceto tentar me amar novamente e entender que ainda há tanta beleza na minha vida. Se eu fiz isso, qualquer um pode fazer. Experimente, nunca pare. Acredite em si mesmo. É preciso coragem para se ver devastada, mas NUNCA hesite em querer reconstruir! O luto é um poço sem fim; o truque é não cair nele.
Carolina reconhece que precisou se encontrar e aprender a amar a si mesma novamente.
Ou seja, aceite a si mesmo, aceite até mesmo as coisas que você não gosta em si mesmo: as limitações, as falhas. Assim como uma mãe faz com seus filhos. E aceite sua própria história também, incluindo os eventos ruins e incompreensíveis que você gostaria de apagar, sem se deixar prender na teia da dor.

“Eu trouxe minha mãe comigo”
Carolina conclui seu post assim:
Claro que eu trouxe minha mãe comigo, ela que me deu tanta força e sempre foi minha pessoa favorita para conversar.
E, de fato, as fotos provam isso; durante várias etapas da peregrinação, Carolina mostra seu sorriso mais bonito enquanto segura em suas mãos uma foto de sua mãe. De fato, quem amou e foi amado(a) nunca será verdadeiramente órfão.

