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Papa: Deus sonha com um mundo onde seus filhos vivam como irmãos

POPE-CYPRUS-GREECE-AFP

ANDREAS SOLARO | AFP

Reportagem local - publicado em 05/12/21

"Devemos lutar contra este vício de habituar-se a tais tragédias quando as lemos nos jornais ou ouvimos noutros meios de comunicação"

O Papa Francisco afirmou que Deus sonha com um mundo de paz, onde seus filhos vivam como irmãos e irmãs.

Na oração ecumênica com os migrantes, na Igreja paroquial da Santa Cruz em Nicosia (Chipre), nessa sexta-feira, o Papa disse que a Igreja é uma comunidade que encarna o sonho de Deus.

Em suas palavras no encontro, o Papa comentou os testemunhos enviados a ele por alguns migrantes.

A vossa presença, irmãos e irmãs migrantes, é de grande significado para esta celebração. Os vossos testemunhos são como um «espelho» para nós, comunidades cristãs.

O Papa Francisco citou o exemplo de Thamara, que vem do Sri Lanka e testemunhou que muitas vezes as pessoas lhe perguntam quem ela é.

Como tu nos disseste, não somos números, não somos indivíduos a catalogar; somos «irmãos», «amigos», «crentes», «próximos» uns dos outros. Mas quando pressionam os interesses de grupos ou os interesses políticos, mesmo das nações, muitos de nós veem-se postos de lado, escravos sem o querer. Porque o interesse sempre escraviza, sempre cria escravos. O amor, que é amplo, que é contrário ao ódio, este amor faz-nos livres.

O Papa também comentou a fala de Maccolins, que vem dos Camarões, e disse que, no decurso da vida, foi «ferido pelo ódio».

Estás a falar disto, destas feridas dos interesses; e lembras-nos que o ódio poluiu também as nossas relações entre cristãos. E isto – como tu disseste – deixa marcas, marcas profundas que perduram por muito tempo. Trata-se de um veneno. É verdade; ouvimo-lo dos teus lábios, dito com a tua paixão: o ódio é um veneno do qual é difícil desintoxicar-se. E o ódio é uma mentalidade distorcida que, em vez de nos fazer reconhecer como irmãos, faz-nos ver como adversários, como rivais, quando não como objetos a ser vendidos ou explorados.

No final do seu discurso, o Papa Francisco afirmou:

Ouvindo-vos, olhando o vosso rosto, a memória leva-me mais além e vai deter-se nos sofrimentos. Vós chegastes aqui; mas quantos dos vossos irmãos e irmãs ficaram pelo caminho? Quantos desesperados começaram o caminho em condições muito difíceis, mesmo precárias, e não conseguiram chegar? Deste mar, podemos dizer que se tornou um grande cemitério. Olhando-vos, vejo os sofrimentos do caminho, tantos que foram raptados, vendidos, explorados…, ainda estão pelo caminho sem sabermos onde. É a história duma escravidão, uma escravidão universal. Nós vemos o que acontece, e o pior é que estamos a habituar-nos a isso. «Ah sim, hoje afundou-se um navio, em tal lugar… tantos desaparecidos…». Mas olhem que este habituar-se é uma doença grave, é uma doença gravíssima; e não há antibiótico para esta doença. Devemos lutar contra este vício de habituar-se a tais tragédias quando as lemos nos jornais ou ouvimos noutros meios de comunicação.

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