Brasil: católicos se mobilizam para que Aeroporto Santa Genoveva não perca o nome

O nome do aeroporto de Goiânia, porém, foi uma condição para a doação do terreno em que ele foi construído

Católicos do Estado de Goiás e do Brasil inteiro, a começar pelo arcebispo dom Washington Cruz e passando pela União dos Juristas Católicos de Goiânia (UJCG), estão mobilizados para que o Aeroporto Internacional Santa Genoveva, que serve à capital goiana e sua região metropolitana, não perca o nome que traz desde a sua criação.

De fato, a própria construção do aeroporto de Goiânia foi condicionada ao nome de Santa Genoveva, pois quem doou o terreno para as obras foi Altamiro Moura Pacheco, estabelecendo este nome como contrapartida para a doação. Tratava-se de uma homenagem à santa francesa, padroeira de Paris, cujo nome também foi dado à mãe de Altamiro, dona Genoveva.

Agora, porém, um projeto de lei do senador Luiz do Carmo (MDB-GO) pretende alterar o nome do Aeroporto Internacional Santa Genoveva para o de um político local: Íris Rezende Machado, falecido em 9 de novembro deste ano após ter sido vereador, deputado estadual, senador, prefeito de Goiânia e governador de Goiás. O projeto, que já foi aprovado pelo Senado Federal, depende agora de análise e votação na Câmara dos Deputados em Brasília.

Entretanto, dom Washington Cruz, que é arcebispo de Goiânia até a data de hoje porque já teve o seu pedido de renúncia por limite de idade aprovado pelo Papa Francisco, pediu que o nome de Santa Genoveva seja mantido. Através de uma gravação em vídeo publicada em 7 de dezembro pela arquidiocese de Goiânia, dom Washington solicitou “ao senhor governador Ronaldo Caiado, aos senadores e deputados federais, que lutem para que o nome Aeroporto Internacional Santa Genoveva permaneça inalterado”.

Além de recordar que a doação do terreno para a construção do aeroporto foi condicionada a esse nome, o arcebispo mencionou a relação entre Santa Genoveva e o pai da aviação, Alberto Santos Dumont: a bordo do 14-Bis, o brasileiro fez o primeiro voo da história, em 1903, na cidade de Paris, cuja padroeira é precisamente Santa Genoveva. Por fim, dom Washington lembrou também o nome da mãe de Íris Rezende Machado: nada menos que Genovena Rezende Machado. O arcebispo, que agora se torna emérito, finalizou: “Para preservar a nossa cultura, espero que ninguém tire o belíssimo e histórico nome Santa Genoveva, sem o qual o nosso aeroporto não seria construído naquele lugar”.

Por sua vez, a União dos Juristas Católicos de Goiânia (UJCG) criticou “a votação em tempo recorde” do projeto de lei, registrou que não houve “qualquer discussão sobre os impactos negativos que a mudança poderá trazer” e questionou quais seriam os benefícios da troca de nome. A UJCG acrescentou que o próprio Íris Rezende era “amante da história” e “nunca ousou trocar o nome dos bens e logradouros públicos porque sabia que, por detrás de cada nome, havia um pedaço da história”. A entidade exortou então as autoridades a respeitarem “a história de Goiás e a vontade do povo goiano, mantendo o atual nome”.

Leia também:Quem são os santos padroeiros dos Estados brasileiros?