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O valor da Santa Missa

prêtre de dos

© Pascal Deloche / Godong

Vanderlei de Lima - publicado em 12/12/21

Como não ter, no coração, o desejo de participar da Santa Missa e, em estado de graça, receber – até diariamente, se possível –, Nosso Senhor?

Na pandemia, vimos o ateísmo prático mostrar suas afiadas garras, fora e – infelizmente – também dentro da Igreja, contra a Santa Missa bem como contra os demais sacramentos. De passagem, perguntemos: quantos doentes, por exemplo, se foram deste mundo sem a Unção dos Enfermos? Quem responderá pelo pecado desse descuido para com essas almas? Se é que, em meio ao materialismo reinante, ainda se pensa nas almas…

Como quer que seja, oferecemos, hoje, aos irmãos e às irmãs na fé uma reflexão sobre a Eucaristia. Elaborada por Dionísio, o Cartuxo († 1471), intitula-se “O alimento dos fracos”. Ei-la: “Para chegar a estar convenientemente concentrado, considera com devoção quem é Aquele que se dá a ti no altar, pobre e vil pecador mil vezes digno do inferno. Ele é um Deus de infinita majestade, onipotente e terrível: ‘Ele olha para a terra e a faz tremer, toca as montanhas e elas fumegam’ (Sl 103,32). ‘Leva escrito um nome em seu manto e em sua coxa: Rei dos reis e Senhor dos senhores’ (Ap 19,16). Esse nosso Deus desce diariamente pela nossa causa, miseráveis; mais ainda, com tanta humildade que não há ninguém tão vil a quem Ele não desça, contanto que o homem o queira. Vem com tanta paciência que está disposto a perdoar até mesmo o mais perverso de seus inimigos, se este quer se reconciliar com Ele. Vem com tanto amor que está disposto a abrasar também a pessoa mais fria do mundo, contanto que ela o deseje”.

“Vem com tanta liberalidade que não há ninguém tão pobre que Ele não esteja pronto a enriquecer. Vem com tanta doçura, que deseja saciar até os mais famintos com o seu alimento verdadeiro. Vem com tanta luz, que não há ninguém tão cego que não queira iluminar. Vem com tanta santidade, que não há ninguém tão impuro ou indolente que ele não possa purificar e mover à devoção.”

“Procura ter presente essas e outras reflexões, dia e noite em todas as tuas ações e exercícios, a fim de conservar limpa para tal hóspede a cela do teu coração. Todos os teus salmos e orações faze-os como ação de graças, depois de ter recebido esse dom e outros inumeráveis benefícios ou para preparar-te a fim de recebê-Lo dignamente. Toda a vida se gaste em honrar a esse hóspede que tão frequentemente se honra de vir a ti, aspirando sempre àquele feliz momento em que o Deus infinito se digna a rebaixar-se e a unir-se a ti, a partir do momento em que toda a tua felicidade consiste unicamente nisso. Teme sempre que aproximando-te d’Ele indignamente não te menospreze e se cumpra, assim, o que está escrito nos salmos: ‘Que a sua mesa ante eles se converta em um laço e sua abundância em armadilha!’ (Sl 68,23)” (Contra detestabilem cordis inordinationem in Dei laudibus, art. XXIV. Opera omnia, t. 40, pp. 247-248, apud Um cartuxo. Antologia de autores cartuxos: itinerário de contemplação. São Paulo: Cultor de Livros, 2020, p. 336-337). 

Afinal, a Eucaristia antecipa, já neste mundo passageiro, o Banquete celeste, conforme se lê na obra de outro monge cartuxo que se mantem anônimo. Diz ele: “A Eucaristia é promessa, penhor da união final. É, na fé, um pregustar do último banquete, onde o pão do céu já não será dado ao homem sob o véu do sacramento, mas no esplendor da luz do Cordeiro. Jesus nos ensinou a pensar no céu como um banquete, onde ele mesmo passará de um comensal a outro para servi-lo (cf. Lc 12,37). E o alimento que dará a comer será ele mesmo” (A Missa, mistério nupcial. 2ª ed. Juiz de Fora: Subiaco, 2019, p. 97).

Lendo tais passagens de profundos autores espirituais, como não ter, no coração, o desejo de participar da Santa Missa e, em estado de graça, receber – até diariamente, se possível –, Nosso Senhor, com seu corpo, sangue, alma e divindade, na hóstia consagrada e de adorá-Lo, sempre mais, no Santíssimo Sacramento? 

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