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Como ser mais alegre, segundo Santo Inácio de Loyola

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Rido | Shutterstock

Michael Rennier - publicado em 13/12/21

A alegria talvez não seja bem o que pensamos, e o Advento é a época perfeita para descobri-la

Todos os anos, à medida que os dias escurecem progressivamente com o início do inverno no hemisfério norte, fico ansioso. Meu corpo não reage bem aos dias mais curtos e prevejo um ou dois surtos de depressão em janeiro. 

Sempre fui um corredor e ciclista ávido, então o frio me afasta dos hobbies que eu adoro. Ter seis filhos em casa impossibilitados de ficarem no quintal para gastar suas energias complica ainda mais os meses de inverno em nosso lar.

O inverno certamente tem suas virtudes. Há beleza no chocolate quente e na neve. Acho que também vale a pena viver um ciclo de estações. Eu não gostaria que fosse sempre verão. Como diria o poeta da Nova Inglaterra Robert Frost, o inverno é sua própria forma de Éden. Precisamos de um pouco de frio em nossos ossos. Isso, no mínimo, ajuda-nos a saudar a primavera com maior apreço.

O Advento ocupa um lugar semelhante ao do inverno em nossa imaginação. O Advento é como o inverno, em comparação com o calor escaldante do Natal. Eu gosto bastante do Advento, mas grande parte do mundo o ignora porque ele é penitencial e escuro. É estranho, pois, que o Domingo da Alegria – representado pela vela rosa na coroa – chegue no meio do Advento. A alegria é uma virtude que, embora desabroche no Natal, nasce no seio silencioso do Advento.

O que é alegria?

A alegria talvez não seja o que pensamos. Ela surge de fontes misteriosas.

O que nos proporciona alegria? No passado, eu me enganei repetidamente pensando que alcançaria a alegria perfeita se ao menos fizesse uma determinada compra, alcançasse o nível desejado de reconhecimento ou me entregasse a pequenos prazeres, como comer demais e assistir televisão. Esses pequenos momentos movidos a endorfina duram pouco. Eles se esgotam rapidamente e nos deixam insatisfeitos. Sempre queremos mais, e o querer mais é o que esgota nossa alegria.

O Advento marca um caminho diferente e mais difícil, mas é um caminho que cria uma alegria genuína, duradoura e saudável. É desafiador definir como ou por que as trevas do Advento geram alegria, mas não muito tempo atrás eu estava lendo os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola e algumas de suas percepções sobre a alegria são aplicáveis.

São elas:

1 – Cultivar alegria para obter alegria

Segundo Santo Inácio, é preciso manter uma intenção alegre ao pedir a Deus que nos dê mais alegria. Simplesmente não adianta implorar a Deus por alegria ou culpá-lo porque não estou me sentindo alegre, se passo o dia todo me entregando à tristeza, à autopiedade ou ao ciúme. A alegria não surge do nada. Não pode depender de circunstâncias externas a nós, mas deve começar dentro de nós.

2 – Dar atenção à totalidade de nossas vidas: o bom, o mau, o passado e o futuro

Inácio tem uma visão de longo prazo. Quando olharmos para trás em nossas vidas, iremos nos arrepender de nossas palavras e ações? Nesse caso, essas mesmas palavras e ações também não nos trarão alegria aqui e agora.

Temos a tendência de buscar alegria nos lugares errados. Somos condicionados pela publicidade e pela inveja a desejar certos bens e experiências, mas eles nos deixam com uma sensação de vazio. 

Na minha vida, por exemplo, encontro a alegria quando dedico tempo e esforço para estar com minha família e passar tempo com meus filhos. Preste atenção em quando você realmente sente uma alegria duradoura. Você pode se surpreender.

3 – Aproveitar a vida e não se sentir culpado(a) por ela

Não há nada de errado em sentir prazer e gratidão por nossas bênçãos. Nem sempre acreditamos que merecemos alegria, então a rejeitamos quando ela surge em nosso caminho. Porém, Inácio é claro: Deus não nos quer tristes e infelizes. Ele fez o mundo para nosso desfrute, portanto, desde que nossos desejos sejam saudáveis ​​e moderados, devemos ter grande alegria no que Deus providenciou para nós.

Durante a paciente e frustrante espera do Advento, podemos cultivar intencionalmente a alegria, considerar como ela se aplica a toda a nossa vida, não apenas aos destaques, e nos prepararmos para celebrar o Natal sem culpa.

Santo Inácio ensina que vivemos uma fé encarnacional e que Deus nos dá alegria em todas e quaisquer circunstâncias. Esta é a verdadeira alegria: a capacidade de ser feliz não importa o que aconteça, seja no escuro do inverno ou relaxando na praia ao sol.

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