Você já ouviu falar nas têmporas de Advento? Ou nas têmporas em geral? Vamos resumir: uma antiga tradição da Igreja dedicava as quartas, sextas e sábados ao jejum e à oração durante as semanas de mudança de estação. Eram as chamadas "quatro têmporas", já que mudamos de estação quatro vezes por ano.
As 4 têmporas
Como a ordem das têmporas segue o ano litúrgico e não o ano civil, as primeiras são as da 3ª semana do Advento (sendo portanto, evidentemente, as têmporas de advento); depois vêm as da 2ª semana da Quaresma; em seguida as da Oitava de Pentecostes e, por fim, as assim chamadas "têmporas de setembro", que começam na quarta-feira após o dia 14 de setembro.
Elas coincidem, portanto, com o início de cada estação do ano e sua proposta é pedir as bênçãos de Deus para o novo período que começa, bem como para dar graças a Ele pelos benefícios recebidos. Além do agradecimento, as têmporas nos convidam à oferta a Deus de um pequeno sacrifício, representado pelo jejum ou pela abstinência.
O Catecismo de São Pio X nos explica o propósito do jejum das quatro têmporas:
1 – Para santificar cada estação do ano com alguns dias de penitência;
2 – Para pedir a Deus que nos dê e conserve os frutos da terra;
3 – Para agradecer a Deus pelos frutos concedidos;
4 – Para pedir a Deus que dê à sua Igreja bons ministros, cuja ordenação se faz ordinariamente nos sábados das quatro têmporas.
O jejum não é uma obrigação nessas datas, mas uma devoção recomendada, a ser praticada voluntariamente. Por isso mesmo, pode-se optar pela abstinência em vez do jejum. Essa prática sempre tem o seu sentido alicerçado na purificação pessoal, no exercício do autodomínio, na capacidade de renúncia e abnegação e na atenção especial ao espírito.
Têmporas de advento
Os dias de jejum e oração durante a semana das têmporas são sempre a quarta-feira, a sexta-feira e o sábado. No caso das têmporas de Advento de 2021, portanto, as datas são 15, 17 e 18 de dezembro.
“Têmporas” à mesa!
Uma curiosidade: o tempurá é conhecido hoje mundo afora como um prato popular da culinária japonesa. Na verdade, ele tem origem portuguesa, foi “exportado” ao Japão pelos missionários católicos e é batizado justamente por causa das quatro têmporas.
É que, no século XVI, quando os marinheiros portugueses estabeleceram seus primeiros contatos com o povo japonês, viajavam junto com eles os missionários cristãos, que, durante as têmporas, praticavam a abstinência comendo apenas verduras e peixe.